quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Porto

Não sabem os moradores dessa ilha silenciosa o quanto sofremos para aqui chegar. As enormes ondas, as grossas gotas de chuva, ventos e relâmpagos que os deuses vomitaram contra nossa tão fraca carne.
Esse porto silencioso, onde agora chegamos, não se compara a angústia que por dias passamos, onde a esperança foi a primeira a se afogar.
Um a um nos olhamos sem palavras, sem mais ofensas, sem gritos nem desespero, agora somos mais irmãos que antes.
Sento-me nesse porto e minhas lágrimas enfim são liberadas.
Não pretendo aqui demorar, explorar e desvendar os mistérios dessa ilha que me recebe tão silenciosa e resignadamente tranquila.
Sou marinheiro teimoso, esperarei o mar se acalmar e voltarei. Não! não saberia viver nos braços quentes e macios de uma ilha, onde seus mistérios seriam desvendados em uma noite apenas.
Devo voltar! Arriscar-me de novo, entregar-me outra vez às suas vontades, aos seus desígnios, caprichos e água salgada.
Voltarei a navegar, que se dessa vez ainda não pereci em sua turbulência, e, como a vida ainda me teima arder os olhos, voltarei a encarar de peito aberto...
Não sou homem de Portos, sou de (a) MAR, ainda que saiba que nele morrerei.

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