quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Oaristo

Olho no olho e palavras tão vazias, lá estão eles, na praça, olhando o balé das águas ao som de "Tico tico no fubá" enquanto o sol se põe desfarçadamente, como se a noite lhe fosse uma vergonhosa inimiga que sempre lhe vence ao cair das horas...
Imagino as palavras que o casal, que indiferente à minha curiosidade, trocam entre si, e se esforçam para impressionarem-se mutuamente.
Parece amor, visto de longe, com olhos poéticos e apaixonados, parece amor, se amor existisse como se diz por aí os mais cultos enquanto só os incautos teimam em assumi-lo publicamente.
De longe não me parecem poetas, leitores ou sábios, parecem simplesmente apaixonados e isso parece bastar, a fim de que as palavras soem de forma sincera e aparentemente eterna.
Mas não sabem que isso tudo não passa de uma ilusão que vai desembocar na mais triste e fria solidão, olhos marejados, mãos trêmulas e palavras que nem sabiam possuir.
Ah... a ilusão de hoje é a mágoa de amanhã.

Nenhum comentário: