quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A pele na pele.

Em euclides da Cunha, na praça, seis da tarde, hora morta, Ave Maria de Bach me ajuda a descansar do caminho que se abriu a 42 anos e que me parece pesado.
As pessoas que amo me deixam subitamente e se encarregam de colocar pedras pontiagudas nesse caminhar que espero tenha termo antes de chegar aos 50.
Eu sinto a pele implorar por mais pele, por mais toque, mais carinho e isso é piegas e me transformo no fantasma de mim mesmo.
Não há esperanças e isso me tranqüiliza de forma estranha, pois essa idéia de esperanças é tão obsoleta quanto irreal, sem falar que uma expectativa futura não sana essa dor de agora.
Não, eu não quero que ela volte, quero que ela não tenha ido...
Não, eu não quero que ela se arrependa de ter magoado, quero que ela não tenha feito algo para que chegássemos a esse ponto.
Eu sei as respostas, sou bom nisso, sei as decisões que devo tomar e qual atalho a seguir, porém fico impassível, sobre a pedra fria, esperando não sei o quê.
Euclides da Cunha, me parece um grande lago sem peixes, onde à sua margem eu me sento com uma vara de pescar, fico esperando, esperando que me venha uma resposta, que nunca chega, mas me dá a sensação de que o tempo não passa em vão, vai passando, mudando lentamente o foco, de forma degradê o colorido vai assumindo formas coloridas.
Minha pele vai se tornando única de novo, sem a pele dela...

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