quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal de Maria e do Chato!

Por Eduardo Nunes



Pedro, meu sobrinho, quando tinha 5 anos, sentenciou: - “Dudu, você é chato”. 

Pedro tem razão. E um chato que honre este título é chato até com o Natal. Não me entenda mal. Eu gosto de Natal. Gosto do clima todo. Divirto-me em ver shopping-center cheio pela TV. Desfruto da moleza do calor úmido do fim de ano. Aprecio a sensação de pausa mundial. Gosto da quebra simbólica que parece zerar tudo. Começar novamente. O clima de “ reset game” me consola. 




Gosto do Natal, não gosto da imagem. Implico (sou chato, lembra?) com a típica mensagem do natal, com o recall da marca. A idéia cândida da ocasião. Os sininhos pra cá. As estrelinhas pra lá. Com o “todos os seus sonhos se realizem trololó”, “tudo o que você merece, tralalá”. Afinal, todo mundo é filho-de-deus bla bla", "bate o sino pequenino de Belém, blen, blen.




Minha chatice implica com as imagens do natal exclusivamente sereno. Com a trilha sonora do coral afinado de anjos. Com o brilho, os dourados e o glitter. Antipatizo com a natureza estilizada, domada na falsa árvore e na deslocada neve de algodão. 

Isto sem falar na minha bronca especial, já conhecida: o forçado bonachão Papai-Noel. Sempre sorrindo. Bem alimentado. Entre um ho-ho-ho e outro, distribui presentes aos que foram bonzinhos. E exclui rebeldes e desobedientes. O Natal reduzido a presentes de uma cultura onde todos nos achamos credores merecidos de um universo que existe para nos fazer felizes.




Nada contra um clima bucólico, vez por outra. Mas, o "Natal de Maria" mostra que há mais. Revela uma mensagem ausente de nossos cartões de final de ano. Sim, Maria teve um natal só dela. Em bom português de marketing: Um “Private Christmas Event” rsrsrs. Uns meses antes da famosa cena da manjedoura. A primeira expressão dela sobre o Natal, o nascimento do salvador.




Uma jovem em seus 15, 16 anos. Uma adolescente nos parâmetros de hoje. Grávida, prometida, mas ainda solteira. Longe de sua cidade, na casa da prima, também grávida. Tempo para pensar. Primeira gravidez. Anjos com mensagens cifradas. Seria aceita por José? O que significava o filho que carregava? Promessas e dúvidas. 




Ela vê Deus irromper literalmente dentro de si. Não se sente sozinha, nem triste. A criança a faz a mulher mais bem-aventurada, feliz do mundo. Profundamente grávida de alegria.




No canto conhecido como Magnificat (da primeira palavra, em latim), Maria descreve o seu sentimento natalino. E o que é o Natal de Maria? Não é anúncio de superficialidades nem tapinhas nas costas. É um natal que lida com os temas profundos da história: o poder, a opressão, a dor, a impotência e a esperança. 




No canto de Maria, não existe um deus neutro, nem amiguinho de todos. A mensagem de Natal de Maria não dá ibope. Não gera consensos. Anuncia: - “Perdeu, playboy”. Não é uma boa notícia para todos. Os ricos não ganham presentes, são despedidos de “mãos vazias”. Reis são derrubados. A mensagem desagradará aos muitos herodes. Despertará a ira assassina dos que se beneficiam da injustiça.




O Natal de Maria anuncia a Justiça. E isto é briga. Deus levanta o braço, pesa a mão. Não há acordo com o mal. Não há trégua com a opressão. Não há paz possível entre “orgulhosos e humildes”. A paz anunciada pelo menino não é uma banal “sala de espera confortável”. É a paz da Justiça. 




Maria se alegra com a justiça de um Deus que irrompe na história, dela e do mundo. Natal do anúncio da bênção através de uma mulher, jovem, moradora de uma cidade pequena, na beira de um reino dependente, na periferia de um império em crise. 




O Natal de Maria é o dos pequenos, anuncia a esperança da transformação pelo avesso de uma sociedade perversa. Os indigentes são os VIPs. O louco é o sábio. O impuro é o santo. Não é o natal do trenó, de renas de nariz cintilante, nem das carruagens. É o Natal do jumento. No presépio de Maria, reis só cabem se ajoelhados diante do menino, esvaziados dos seus palácios e submetidos ao cheiro do estábulo. Só tem lugar para os que seguem uma estrela e não para os que querem ser seguidos.




O "Natal de Maria" não é um show, está mais para uma revolução. É o anúncio de Alegria, Esperança e Justiça. É um convite à transformação de tod@s, até de um chato como eu.




Um Natal de Maria para tod@s nós.




Magnificat (Evangelho de São Lucas, Capítulo1)

E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,

meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,

porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E a natureza continha...

Quatro novas espécies de abelhas foram identificadas na região de Nova York, e um deles, descoberto no Brooklyn Botanic Garden, foi dado o nome melífluo ainda gritty Lasioglossum gotham. Um pesquisador de abelhas no Museu Americano de História Natural, John Ascher, encontrou-o em 2009 como parte de uma ampla pesquisa de biologia, curso de abelhas em parques e áreas florestais, em Nova York.

domingo, 13 de novembro de 2011

Penso que: (Preconceito)

Preconceito prá mim, nada mais é do que se preocupar com a forma de outras pessoas serem, como se essa preocupação fosse fazer a diferença na vida delas; é uma maneira ativa de ser infeliz, vendo que pessoas podem ser felizes, sendo exatamente aquilo que você não é, seja por medo ou por convicção. Pode ser também a pior espécie de medo: o medo covarde, de que o outro esteja certo, de que sua fé seja a verdadeira, de que sua condição sexual seja nada mais do que uma forma de se identificar com o resto do mundo; que aquela cor, nada mais é do que uma diferença de cutis que nada diz sobre a índole da pessoa, que o Estado ou País onde nasceu pode ser tao bom ou melhor do que o nosso. Preconceito prá mim é nunca poder olhar o outro com um olhar terno, tranquilo, cheio de paz, como fazíamos quando crianças e não entendíamos quando os outros nos impediam de brincar com aquela menina com síndrome de Down. Ser preconceituoso, prá mim, é crescer prá dentro (no sentido de regressão mesmo). Mas não tenho preconceito para com os preconceituosos. Já fui assim, agora quero seguir em frente torcendo para que respeitem essa minha forma única de ser: eu mesmo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Erros do coração!

E assim começou a derrocada, as máscaras caíram, o rosto sem carne nem pele lhe sorri o riso maquiavélico da morte... Ela sabia que isso poderia acontecer, mas seu peito teimou em amar, em querer, em optar por viver ao lado da pessoa que de olhos e seios lindos, lhes fizera grandes promessas e juras de amor...
Tão cega se sente agora, na varanda de sua casa, na triste cidade do interior, onde o frio, a chuva e a solidão de mãos dadas lhe abraçam como única fonte de consolo.
Hoje nem a bebida barata lhe basta, as músicas, o cigarro, o bichinho de pelúcia, nada lhe basta!
Quer morrer, mas sabe que nem as lágrimas valem a pena, quem dirá ir para o inferno, ou para outro lugar onde a dor pode ser menor.
Num lance rápido pensa nas coisas e nas pessoas que renunciou em nome desse amor desmedido, as lágrimas agora parecem mais quentes, mais riscantes, sua face queima...
A dor lhe parece física, seu telefone nunca esteve tão silencioso quanto agora.
Seus dedos correm pelas teclas, procura o número da pessoa que deixou para trás, que traiu, que roubou, que mentiu, que ofendeu, apenas para viver esse amor que agora lhe machuca dos pés a cabeça...
Vê o número e quer ligar, mas seu coração diz que ele está distante, magoado, triste e que jamais lhe perdoará... seu coração lhe diz que ele virá com palavras ríspidas, frases certeiras, risos debochados e poesias cínicas...
Mais uma vez seu coração está errado...
Mas ela resolve não se arriscar!

domingo, 21 de agosto de 2011

Manuscrito do pensar.

Tenho a impressão de que a cada dia aprimoro meus sentidos, ouvindo músicas boas, sentindo cheiros melhores e tocando em peles mais macias...
Era um sonho que trazia comigo: EVOLUIR. Mas para isso tive que me livrar de parasitas que me impediam voar.
Assim fui percebendo que estar bem era mais uma questão de adaptação a algumas exigências da natureza humana, na qual consistia em exigir que fossem comigo o que eu sou com as outras pessoas. Respeito, carinho, consideração, amizade, fidelidade, tudo isso de forma recíproca, se dou tenho que receber em troca, se não na mesma intensidade pelo menos na mesma intenção.
Chega um momento crucial na sua vida em que você pára de se lamentar de que está sendo usado, humilhado, tratado de forma injusta, e passa a agir de forma a se estabelecer como um ser humano de verdade, pelo menos para você mesmo. Assim você começa se livrando dos parasitas, agregando aos seu grupo de amigos pessoas com gostos e níveis intelectuais que lhe fazem crescer.
Mas uma coisa é bom que se diga, os parasitas sempre encontram corpos desavisados para apoiarem suas patas e sugarem até a última gota, mas com o tempo, também aprendi que isso não é problema meu!

sábado, 20 de agosto de 2011

A puta em casa!

Arte: Eduardo Dominici
Mulher devassa de uivos noturnos
Nas mais diversas camas
Onde lhes pagam homens e mulheres
Meninos e velhos em chamas

Manhã cedo hora de amamentar
Fita os olhos na estrada sem destino
Agora a puta nada mais é
que a doce mãe de um menino 

sábado, 13 de agosto de 2011

A Viagem!


Alex sentia uma enorme dor de cabeça, parecia que tudo girava ao contrário e teve medo de abrir os olhos e a dor aumentar.
Percebeu que aqueles não eram seus lençóis e um cheiro de cebola e sangue no ar lhe causava náuseas.
Abriu os olhos e o escuro era imenso, não se lembrava de nada, a não ser a discussão com Elena e nada mais.
Há muito tempo que brigavam, na verdade ele sempre se recusou a qualquer espécie de contato com sua ex-esposa, mas ela sempre insistia em lhe procurar, em qualquer lugar que estivesse, fazia escândalos e lhe provocava das maneiras mais distintas possíveis. A última vez tinha sido em seu trabalho, ela, além de palavrões e gestos obscenos, dessa vez o agrediu fisicamente na frente de seus colegas de trabalho.
Não podia fazer nada, a não ser se defender e procurar se manter calmo enquanto os seguranças a tiravam de lá.
Na verdade ele não entendia muito o que Elena queria, ela o tinha traído, e agora, que seu namorado tinha terminado com ela, queria voltar, recomeçar tudo, fazer uma nova história.
Alex estava com uma nova relação, uma pessoa de outro país, Christie, húngara que morava na Itália a três anos e vinha ao Brasil todos os meses, numa assessoria a uma multinacional.
Mas como tinha vindo parar ali?
Tateou pelo escuro e percebeu que estava sobre uma cama grande, uma cama de casal, sentou-se e a muito custo levantou-se, tropeçou em alguma coisa, desviou e procurou algum botão que acendesse as luzes.
Quando conseguiu seus olhos arderam ante à claridade, quando se habituou à luz, olhou com calma e um certo espanto.
Um quarto desarrumado, coxas e lençóis largados pelo chão, uma TV de plasma caída ao chão com a tela quebrada e uma fina fumaça branca saia pela rachadura.
Copos, garrafas, talheres, pratos, tudo largado ao chão como que denunciando uma violenta luta.
Deu a volta para ver onde tinha tropeçado.
O grito não saiu. Sua boca abriu e ele esperou ouvir o próprio grito, mas estava assustado demais.
O corpo de Elena, com várias perfurações de faca, muito sangue escorria para debaixo da cama.
Ficou alguns minutos sem ação.
Olhou para suas mãos e percebeu que não havia marcas de sangue em qualquer parte de seu corpo e suas roupas estavam limpas.
Tentou se localizar e percebeu que estava em um hotel.
Sobre o criado mudo um relógio: 04h30min.
Foi ao banheiro e viu sangue na pia, no Box, na banheira, sinal de que alguém havia se lavado, mas quem seria?
Uma mancha que formava uma mão de sangue estava no espelho, mediu o tamanho com sua mão esquerda, era o mesmo. Aproximou-se e viu que as digitais coincidiam com as suas.
Foi ao telefone e ligou para a recepção.
Do outro lado um rapaz que parecia estar acordando o atendeu com um mau humor que lhe incomodou.
Perguntou  alguma trivialidade e desligou.
Pensou em ligar para a polícia, porém essa idéia logo lhe abandonou.
Resolveu sair, deixar o corpo de Elena lá mesmo e ira para Itália.
O dia rompia no horizonte.
Alex pôs sobre o corpo de Elena um lençol, pois aquela visão lhe dava medo.
Tentou relembrar o que tinha acontecido. Como tinham chegado, o que tinha realmente acontecido antes e durante a estadia no hotel. Mas sua mente não lhe ajudava nem um pouco.
No elevador cumprimentou um casal de idosos e ajudou um cadeirante a entrar de ré.
Não tomou café.
Na recepção disse que sua esposa não se sentia bem e que iria comprar o remédio dela numa farmácia especializada.
Sua mente queimava. Mas mantinha-se estranhamente calmo.
Pediu que o rapaz lhe chamasse um táxi.
Desceu dois quarteirões antes de seu apartamento na Av. Airton Sena.
Andou, descobriu que era domingo, então não teria que ir trabalhar.
Em casa tudo em ordem.
Um recado na secretária eletrônica:
“Alex, precisamos conversar...” era a voz de Elena.
Apagou a mensagem.
Na parte de baixo do guarda-roupa pegou o passaporte.
No cofre, próximo ao criado-mudo pegou alguns euros.
Ligou para Edna, sua amiga que trabalhava na empresa aérea e conseguiu uma passagem para São Paulo no vôo que saia a duas horas.
Algumas roupas na mala.
Mais um táxi.
No Aeroporto de Milão Christie estava linda de azul.
O frio era intenso e ela lhe trazia uma jaqueta.
Cobriu-se.
Beijou-a.
Os noticiários exploraram a história por alguns dias.
Hoje nem eu mesmo me lembro mais desse episódio.
Alex me ligou semana passada e pediu que lhe fizesse um favor: enviasse um vinho do Vale do São Francisco.
Fiz.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

À lápis

Com grafite
penso nas estradas
que passei
onde minhas ex-amigas estão
sentadas, catatônicas
esperando o verbo
a carne e o pão...
Com borracha
aceno um adeus
que minha vida agora
anda de avião

sábado, 6 de agosto de 2011

Eu penso que:

VENDO ALGUMAS AMIZADES ANTIGAS, DESCOBRI PORQUE NÃO TENHO AMIGOS ATUALMENTE

Noite.

Eu poderia dizer que isso tudo vai passar, que o tempo cura, que as coisas vão ser diferente e que você vai aprender com tudo isso... mas você não vai aceitar, porque precisa acreditar que é o fim... Agora sua necessidade vital é sofrer.
Sei muito bem como são essas coisas, suas mãos suam, seu peito procura ar e não encontra.
Então um misto de coisas ruins te assolam, você se sente feia, analfabeta, incapaz, e não vai adiantar nada agora, se eu disser o contrário estarei parecendo um idiota que não sabe das coisas.
Em sua cama, em seu travesseiro encharcado encontrará mais consolo do que em minhas palavras, então vá para seu quarto, deite em sua cama e encharque esse travesseiro e nada mais tente fazer.
Não queira ser melhor do que já é.
Goze cada lágrima, cada dor, cada desapontamento, viva isso como se fosse a única pessoa no mundo a ser traída, pisada, humilhada, faça dessa dor sua última refeição.
Deixe que a noite te engula e te cuspa como se você fosse um pedaço de pão dormido.
Nada posso fazer, nem eu nem ninguém.
Amanhã o tempo dirá o que fazer com esses pensamentos que te assolam.
Mas hoje, só por hoje se permita perceber que a vida é mesmo cruel e os amigos, e os parentes, e seu amores não são nada, a não ser um monte de coisas juntas dispostas a mostrar como você não vale nada.
Amanhã?
Ah... o amanhã...  (nem sei se sobreviveremos a essa noite).

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mais denso que eu... só eu!


permito trancar-me em mim
numa falsa mentira
sobre meus pássaros mortos e que teimam voar...

e então imagino para mim
uma gaiola

Canção da sertaneja!


Por onde ando
poeira silenciosa
fabrico aos montes
sob meus pés rachados

terra nas vistas
me fazem chorar
corar as faces
nos fins de tardes

bodes e cabras
me enchem o terreiro e os peitos
meu amor na rede
me enche os olhos e a alma

agora que é madrugada
imagino cantigas
silenciosas
rachadas
coradas...

que antes do sol nascer
farei do negro pó
a fumaça do café no bule
como eu
silenciosa...
sumindo na memória

sem rastros...

sábado, 23 de julho de 2011

O Grito

Se eu girasse a chave poderia reviver as coisas todas, sabia que durante todos esses anos ninguém tinha entrado na casa, que poderia estar tudo do mesmo jeito que a tinha deixado, os livros, as cadeiras, os discos de vinil, tudo, tudo estaria lá, guardando a memória dos momentos lá vividos por mim e por todos que por lá passaram.
Já no portão, pude perceber que a ação do tempo tinha sido generosa, apenas um pouco de ferrugem e um resto de limo seco entre a parede e o suporte, a tinta preta um pouco descascada e mais nada.
Uma grama tímida tinha tentado romper os frisos da calçada mas parece ter desistido antes de se tornar uma erva sem importância e morrido há algum tempo que não se sabe quando.
A poeira na entrada e mais nada, a não ser  penas de pardal e um filhote morto no canto, sendo arrastado por formigas marrons e agitadas.
Estava ainda na dúvida se teria mesmo que entrar, se minha vida poderia voltar a ser como era antes, com filhos correndo pelo corredor e Maria entrando nervosamente com sacolas do supermercado para compensar o atraso do almoço, a TV ligada e abandonada na sala, brinquedos largados próximo a porta dos quartos e a algazarra das férias tomando conta das paredes sem se incomodar com os vizinhos...
Lembro-me de que antes de sair uma rachadura entre a porta da sala e da cozinha tinha sido motivo de discussão com Ana a ponto de ter que dormir com os meninos por umas duas noites seguidas...
Mas entrar na casa me traria de volta essas coisas?
Não! Eu sabia que nunca mais voltaria a reviver essas coisas. Não depois do acidente. Depois daquela curva. Depois do cheiro de ferro carro adentro e os gritos aterrorizantes de todos.
Essa memória infeccionava-me a mente e eu me recusava a falar sobre ele com todos.
Girei a chave, pareceu-me ouvir a TV ligada.
Pareceu-me sentir cheiro de carne assada pelo ar, cheiro de sabonete vindo do banheiro dos meninos...
Mais uma volta na chave e lá estavam todos, de roupas brancas e me esperando, sentados no sofá empoeirado.
Ana levantou os olhos e não me disse nada.
Ramon, Adla e Cássia levantaram os braços e me convidaram a sentar.
Era apenas um pesadelo! O carro não tinha derrapado na curva, não tinha dado de frente com o caminhão e os gritos de desespero não tinham sido emitidos com tanto pavor enquanto descíamos a ribanceira descontrolados e girando...
Estavam todos lá!
Ana e seus grandes olhos negros e sempre com o sorriso sincero nos lábios.
Ramon com longos cabelos cacheados e suas mãos pequenas e nervosas segurava o controle do vídeo-game.
As gêmeas estavam vestidas iguais, como sempre e se abraçavam.
Não me disseram palavra alguma, mas entendi que a luz do sol que entrava pela porta entreaberta lhes incomodava.
Sorri e isso fez com que eles sorrissem também.
Agora estou nesse lugar estranho e grito que eles precisam de mim!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

FELIZ DO DIA DO AMIGO, ANTES QUE UM DOS DOIS ACABE!


Amizades acabam, infelizmente acabam. Nem venham me dizer que não era amizade, porque se fosse não teria acabado, acaba sim e pronto.
Tenho experiências próprias, várias para ser mais exato, onde a minha entrega sempre foi total e irrestrita, de me anular, me entregar ao ponto de deixar pessoas importantes na minha vida em prol dessa amizade.
Mas estranhamente era uma coisa unilateral (o que na época não me importava muito) acreditava na incondicionalidade de amor de tal forma que amava sem querer nada em troca, e até fazia questão da evidencia dessa minha preferência nos graus de amizade.
Mas então porque elas se foram? (lembro-me que me pai sempre contava a história de uma senhora que nunca tinha sorte com os vizinhos, não importava onde fosse eles sempre eram ruins, então um dia ela percebeu que o problema era ela...) então era eu o problema? Pensei muito e acho que sim. Sou mesmo o problema, minha super proteção, meu carinho em excesso e meu amor desmedido me cobriram de uma falta de senso comum e não percebi que todos os “sim’s”, poderiam muito bem terem sido substituídos por alguns “nãos” que apenas me fortaleceriam e faria com que minha amiga pudesse perceber que minha falta poderia ser notada, ou que ela também seria responsável por manter a dita amizade, ou então desistir dela enquanto fosse tempo e não me permitisse perder tanto tempo acarinhando a serpente que na primeira oportunidade me picaria sem dó nem piedade.
Inconscientemente quero pensar que fiz a minha parte, mas será mesmo?
FELIZ DO DIA DO AMIGO, ANTES QUE UM DOS DOIS ACABE!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Então:

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Uma Questão de Escolha

Por Pe. Fábio de Melo.
O coração anda no compasso que pode. Amores não sabem esperar o dia amanhecer. O exemplo é simples. O filho que chora tem a certeza de que a mãe velará seu sono. A vida é pequena, mas tão grande nestes espaços que aos cuidados pertencem. Joelhos esfolados são representações das dores do mundo. A mãe sabe disso. O filho, não. Aprenderá mais tarde, quando pela força do tempo que nos leva, ele precisará cuidar dos joelhos dos seus pequenos. O ciclo da história nos direciona para que não nos percamos das funções. São as regras da vida. E o melhor é obedecê-las. Tenho pensado muito no valor dos pequenos gestos e suas repercussões. Não há mágica que possa nos salvar do absurdo. O jeito é descobrir esta migalha de vida que sob as realidades insiste em permanecer. São exercícios simples... Retire a poeira de um móvel e o mundo ficará mais limpo por causa de você. É sensato pensar assim. Destrua o poder de uma calúnia, vedando a boca que tem ânsia de dizer o que a cabeça ainda não sabe, e alguém deixará de sofrer por causa de seu silêncio. Nestas estradas de tantos rostos desconhecidos é sempre bom que deixemos um espaço reservado para a calma. Preconceitos são filhos de nossos olhares apressados. O melhor é ir devagar. Que cada um cuide do que vê. Que cada um cuide do que diz. A razão é simples: o Reino de Deus pode começar ou terminar, na palavra que que escolhemos dizer. É simples.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O ÚLTIMO SONETO

O que há, entre meus ossos e eu
que não seja sua presença?
Esse vulto que ainda é meu
Que invadiu sem pedir licença...

Não, não farei de mim o abismo
Onde cairei arrastado pela dor
Que sob teu mais sincero cinismo
A esperança se transformou

Não mais verei teus olhos castanhos
Ou teus seios de tamanhos exatos
Nem te farei  mais versos estranhos

Não espero mais que me sintas
E que me tenha apenas no passado
Só espero que, como sempre, mintas

terça-feira, 28 de junho de 2011

Canção para Florbela


Agora que o horizonte se deita
E nele todas as cidades do planeta
Eu espero que você venha correndo
Para meus braços, pra minha vida

É no meu sonho que vive ela
Todas as noites, sonho sem dormir
É no meu sonho, Florbela... Florbela...

Quarto sem bonecas e sem o brilho
Que nasce de sua presença irreal
Lhe preparo essa canção sem melodia
Estará em algum canto, essa menina castanha?

É no meu sonho que vive ela
Todas as noites, sonho sem dormir
É no meu sonho, Florbela... Florbela...

Seus cabelos de nuvem e chuva
Menina que voa sem asas e sem nome
As histórias que te contaria para dormir
Me tiram o sono, e me fazem sonhar

É no meu sonho que vive ela
Todas as noites, sonho sem dormir
É no meu sonho, Florbela... Florbela...

Não existe, não é nada ainda
apenas misturo o irreal e o irreal
que neles posso tocar suas mãos e seus cabelos
nessa noite de não dormir...

É no meu sonho que vive ela
Todas as noites, sonho sem dormir
É no meu sonho, Florbela... Florbela...




segunda-feira, 27 de junho de 2011

Insaudade...

Era-me impossível viver sem algo
que agora não está aqui
e que falta não me faz...

que o pouco que me matava a fome
hoje não me satisfaz
e as poucas palavras
não povoam mais meu dicionário
...
 o pouco que me destruía
me enganava, como quem me construía
falta não faz
fome não faz
...
daqui  do alto
despejo a razão
há em mim o desprezo
...
Ter sido o não escolhido
foi-me presente divino
...
Novo caminho
lógica, razão, futuro,
homem, mulher
desejo divino
filha de mãos macias
acariciando a calvície
...
para cada dia no calendário
um tanto assim de saudades
misturado com a incerteza
que não sei quem é quem
nessa folhinha de ilusões...

Ladeira abaixo...

Só a amizade sincera me interessa
O amor despretensioso e desinteressado
O carinho leve sobre o rosto
E o vento frio de Santa Catarina
...
Quero pensar nos versos
E no sol Canudense, estourando as favelas
Nos versos de Coralina
sob o cheiro de café.

Quero logo
que acabe a angústia
que sob a pele enrugada de meus dedos
não se faz traduzida..

sábado, 25 de junho de 2011

Loucura!

Quando acabar o fogo, e São Joao for dormir de novo, na loucura das cinzas farei eu a minha festa. Erguerei bem a cabeça e prepararei os ouvidos. Vou ouvir a música, só eu vou ouvir essa música. Só eu saberei de onde ela está vindo e qual doloroso é o peito de quem a canta. Mas, tragicamente irei eu amar essa música e nela dançarei. Voarei na melodia dessa canção, que para quem a canta será regada de lágrimas, arrependimentos e outras tristezas que espero desconhecer, e que para mim, nada mais será, que os mais angelicais acordes que se tem conhecimento, desde o nascimento do Salvador...
Que comece a canção, quando as cinzas esfriarem sob os últimos dias de junho...
Que me tragam como oferenda, carvões frios e apagados, que é assim, que se começa uma nova era:
Com Gelo!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Noite de São João, Curitiba, PR

Estar em Curitiba é como realizar um sonho, ando devagar nas ruas, nas praças e sinto o vento gelado percorrer meu corpo, sinto-me bem. Um estranho nesse mundo de gente coberta de roupas claras e de pele fina, fria e ausente da aridez de nossa terra.
Como bom nordestino, enfrento o frio como sempre tenho enfrentado as coisas exteriores, desde que não se transformem em coisas interiores.
O vôo foi tranqüilo, no canal 13 da TAM você pode ouvir Blues e Jazz, e foi assim que penetrei no céu curitibano, ouvindo um piano e sentindo o chão se aproximar.
É como eu pensei... estranhamente como eu pensei.
Amanhã vou fazer um tour pela cidade em um ônibus especial, verei de perto e sentirei ainda mais o frio, gelarei e farei fotos como um turista apaixonado pelo país que vive (apesar do Datena sempre destacar seu lado podre).
Mas ainda me sinto estranhamente renegado por algo que não sei o que é.
Vejo essa cidade arrumadinha, sem lixo, sem moto-táxis, com gente bonita e cara de rica com grandes e pesados casacos e me sinto no meu país mesmo.
Estar em Pindobaçú ou estar em Curitiba, prá mim é a mesma coisa, a diferença é que o Nordeste tá aqui comigo e o Sul, não levarei, pois sou homem do sol.
Enfim, enquanto os meus estão nas festas de São João, espalhadas pela Bahia e Pernambuco, cá estou eu me sentindo um estranho em meu próprio país...
Estou hoje em Curitiba, minha alma não sei onde anda...
Mas não me despeço antes de deixar meu protesto:
Não! no Nordeste a gente não fala "arraiá", não se veste com roupas quadriculadas, nem todos têm dentes podres nem barbicha desenhada com lápis... Não, no NE somos tão normais que até parecemos Brasil também!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

E VIVA SÃO JOÃO SEM O VELHO LULA



Viva São João
com as bombinhas irritantes
e as bombonas perigosas...
VIVA!
Viva as músicas mecânicas
das bandas sem noção nem calcinhas...
VIVA!
Viva as fogueiras com suas fumaças
contra a camada de ozônio...
as espadas que aleijam
as estradas que matam
...
Viva sem o velho Lula
e o trio nordestino
sem os versos de Patativa
Viva sem casas abertas
e milhos nas mesas
bolo de fubá,
ou crianças sorridentes...

Viva sem a alegria do velho sem dentes
que rir o riso sincero
de quem de dia põe as bandeirolas
e de noite não vê a festa...

Viva, viva esse São João
sem saber a razão...

Dias...

Os dias morrem
(já nascem mortos, os dias)
e a cada segundo
morre o dia mais um pouco...
Nos leva junto
para a morte eminente
...
Assassino, dia
com mãos de coveiro
e olhos noturnos

De novo, o velho



Como posso me acostumar com a falta
se o tempo tem um ritmo lento
que me afronta, que me põe de lado...(?)
Como posso estabelecer o ritmo,
se o tempo não conhece as dores,
os limites e as esquinas do coração?
Como? me diz, amiga,
como posso saber das coisas que o tempo esconde?
Onde encontrar as respostas
ou o bálsamo...?
coisas que preciso
para erguer de novo os olhos,
olhar em frente
e seguir
ser de novo
o cara de olhos de horizonte???
(D:)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Abraçar a Hanny!

Hanny (um abraço seu, encheria minha alma)
Quero abraçar a Hanny
como se abraça a lua num poema
ou rio numa canção...

seu corpo pequeno
envolve o grande com seu brilho
como o poema engole o rio
e a lua o meu olhar de poeta...

seria como cantar a canção do silêncio
um longo abraço em Hanny
e de olhos fechado ouvir sua voz dengosa
murmurar a música que jamais decifrarei...

queria agora abraçar a Hanny
e abraçando-a abraçaria do mundo todas as flores
e a certeza de que ainda podemos acreditar
que um abraço assim,
preenche todo o vazio que nos causa os amores perdidos...

Enfim...

Quando a porta se fechou pude perceber que não ouvi a chave trincar, era a esperança de poder voltar, de refazer alguns conceitos e me regenerar das palavras, dos atos e das enchentes que causei no centro da casa e também nos quartos.
Esperei ansiosamente que a porta (ou pelo menos uma das janelas) se abrisse e me convidasse a voltar.
Sentei na pedra fria do jardim e vi quanto mato tinha deixado tomar conta dos canteiros, como minhas flores favoritas já estavam esquecidas e se perdendo num turbilhão de ervas daninhas, tudo isso por não mais sair para curtir minhas flores, meus sonhos, meus amores...
Enfim a porta se abriu e ouvi sua voz doce (armadilhas femininas começam e terminam com doces vozes) me chamando de volta.
A porta entreaberta (cúmplice, ah... as portas são cúmplices das mulheres de vozes doces), me recebeu com um rangido cínico e eu entrei de volta...
Mas dessa vez tinha um olhar diferente sobre toda a casa, dessa vez era estranhamente simples olhá-la em sua beleza clássica e ver nela a mulher de camisola de cetim branca e preta...
Pensei nas flores que abandonei por conta dela...
Pensei de novo...
Agora sua voz doce se mostrara cinicamente doce demais a ponto de causar náuseas e me deixar tonto...
Nos poucos dias dessa volta pude perceber que a doçura de sua voz escondia a grande armadilha da mulher, que me fez regressar e eu mesmo trancar a porta e colocar sob os canteiros de minha flores antigas essa chave cruel e perseguidora.
Agora quero voltar a cuidar de minha flores antigas, que é por elas que vivo...

Fragmento

‎...e ele gostava de olhá-la dormindo, de boca aberta e espasmos durante o sono... a sentia tão desprotegida e linda, que seu amor a protegia de tudo de que acontecia lá fora, inclusive da chuva..

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ricardo Gondim: O HEREGE DA VEZ!

Ricardo Gondim "O herege da vez"




Republico aqui a Carta da liderança dos Jovens da Betesda em São Paulo ao Pr. Ricardo Gondim, por concordar com ela e não me fazer de louco num mundo de lúcidos que não conhecem o amor incondicional do Deus que eles pregam...:

(Para entender mais um pouco sobre o assunto clique aqui e leia na íntegra a entrevista do Pasto Gondim à Revista Carta Capital)



"Em tempo de mentiras, fofocas, intrigas e má fé, é importante descer do muro e se posicionar. Quem assim orientou foi o Dr. Martin Luther King Jr., que em sua carta da prisão em Birminghan, de 1963, escreveu: “Mais nociva que a minoria de homens maus que criam a injustiça é a maioria de homens "bons" que não fazem nada para denunciá-la”.
Dr. King dirigiu a carta aos pastores brancos que o pressionavam a se calar a respeito dos direitos civis dos negros, criticavam suas manifestações, chamavam King de extremista, anarquista, ateu e humanista.
Isso aconteceu numa época em que ter a pele escura, nos EUA, era sinônimo de “não ser gente”. Quem era o Dr. King para querer transformar negros em gente e lhes dar direitos civis?
O argumento vigente contra os direitos civis dos afro-americanos vinha da Bíblia. A maioria dos cristãos (brancos, claro) afirmava que Deus não queria que os diferentes descendentes de Noé fossem misturados aos brancos puros, alvos mais que a neve.
Da boca do falecido senador norte-americano Absalom Robertson - pai do famoso televangelista Pat Robertson - veio a conclusão que representava a mentalidade branca cristã norte-americana na década de cinquenta: “Eu certamente gostaria de ajudar as pessoas de cor, mas a Bíblia diz que não posso” [i].
Cada época tem seu argumento bíblico conveniente para oprimir as minorias.
Voltando ao assunto, não podemos nos calar diante de uma cruel injustiça que estamos testemunhando. Queremos fazer algo para denunciá-la. Não podemos ver lobos em pele de cordeiro dar a última palavra como se fosse verdadeira.
A injustiça a qual nos referimos é o violento e sistemático ataque ao Pr. Ricardo Gondim. Não é de hoje que os ataques acontecem, mas pioraram dramaticamente depois de sua entrevista à Carta Capital,  quando se posicionou a favor de estender direitos civis aos homossexuais, garantindo-lhes o reconhecimento jurídico de união estável perante o Estado.
A partir daí mentiras foram inventadas, de propósito, por pessoas de má fé que não gostam do Gondim e que queriam, a todo custo, que sua voz fosse enfraquecida no universo evangélico brasileiro. Ou então, pessoas que viram nesse momento uma oportunidade de aparecer, às custas do nome do Ricardo.
Interessante é que a maior parte de seus acusadores e perseguidores nunca leu um livro que ele escreveu, ou um artigo, uma entrevista, nunca foi à um culto na igreja Betesda do Jardim Marajoara, em São Paulo – onde ele é pastor e prega todos os domingos – não conhece os membros da Betesda e não sabe quase nada sobre a história de vida do Gondim nem da Betesda. Apenas repete o discurso inflamado de seus líderes e pastores que vêem no livre-pensar do Gondim uma ameaça.
Afirmam que o pensamento do Gondim é uma ameaça à Bíblia e à fé cristã - mas é claro que isso é pretexto, para não dizer balela. Quem conhece a Betesda e o Gondim sabe que ele prega todos os domingos na Bíblia e que proclama em alto e bom som a fé cristã: Jesus é Deus encarnado, nascido de uma virgem por meio do Espírito Santo, morreu na cruz por amor de nós, a fim de nos salvar, e ressuscitou no terceiro dia vencendo a morte, estendendo a ressurreição a todos os homens e mulheres por meio da fé. Os que o consideram ameaça, portanto, consideram contra si mesmos, suas doutrinas maléficas, suas estruturas de poder e manipulação mental de gente honesta e de boa fé.
O Gondim virou o herege da vez. O inimigo da vez. Nada mais mesquinho e estranho ao Evangelho - que nos convida a amar os inimigos, mas parece que o universo evangélico se especializou em produzir inimigos para odiá-los em comunhão.
“Heresia” é uma palavra criada para tentar invalidar ideias opostas às ideias vigentes. Criar hereges é fonte de alianças maquiavélicas, para calar a boca de quem incomoda as maiorias, sempre poderosas. O Dr. Martin Luther King Jr. também já foi acusado de herege pelos pastores poderosos de sua época - e libertou um povo oprimido, dando a eles direito à cidadania. Lutero também já foi acusado de heresia, e é reconhecidamente o maior herege da Modernidade - é só por causa dele que temos livre acesso e interpretação da Bíblia. Os apóstolos foram chamados de hereges por anunciar que Deus havia encarnado em Jesus Cristo. E, por fim, Jesus já foi chamado de herege por se posicionar ao lado de uma mulher adúltera, relativizando uma lei mosaica, e libertando-a de um assassinato por apedrejamento - por essas e outras, foi parar numa cruz.
Heresia pressupõe uma verdade absoluta. Na fé cristã essa verdade é o Amor, não uma doutrina ou um dogma. Por isso não consideramos o Ricardo Gondim um herege, pois nunca o vimos relativizar a revelação que Deus é Amor. Ele é um herege apenas para quem considera alguma doutrina e lei absolutas. Mas nesse caso, King, Lutero, os apóstolos e o próprio Jesus também eram, então o Gondim está em ótima companhia, e seguindo um excelente caminho.
Se for assim, ainda bem que há hereges, e que ele é um! Nesse caso, aceitaremos o adjetivo como elogio.
Escrevemos para nos posicionar ao lado de quem tem nos ensinado a pensar, a ser livres e a amar. Escrevemos para dizer “obrigado” e “estamos juntos”, a quem nos tem ensinado a crescer a amadurecer na fé cristã.
Como escrevemos em 2007, voltamos a afirmar: aprendemos que qualquer um que tenta abrir os olhos de pessoas encabrestadas pela religião, acaba sendo queimado na fogueira da instituição.
Estamos seguros que o Verdadeiro Amor lança fora todo medo, e por isso não temos medo de caminhar com alguém que nos ensina a lidar responsavelmente com a liberdade do amor.
Obrigado Pr. Ricardo Gondim, conte com a gente. Sua vida tem sido inspiração para todos nós.
Liderança de Jovens da Betesda em São Paulo
Lucas Lujan
Andréa Lujan
Sheyla Pereira
Vitor Príncipe
Heloisa Príncipe
Adilson Lopes
William Romanini
Rose Guedes
Eliane Leite
Bruno Reikdal
William Barros
Joyce Banzato
Igreja Betesda no Jardim Marajoara

Fabio Guerra
Igreja Betesda em Diadema

Juliana Caroprezo
Igreja Betesda na Zona Leste

Marcos Ferreira
Igreja Betesda em Jardim das Fontes"

Richard Castilho
Igreja Betesda em Osasco

Luis Dias
Igreja Betesda em Vila das Belezas