Estar em Curitiba é como realizar um sonho, ando devagar nas ruas, nas praças e sinto o vento gelado percorrer meu corpo, sinto-me bem. Um estranho nesse mundo de gente coberta de roupas claras e de pele fina, fria e ausente da aridez de nossa terra.
Como bom nordestino, enfrento o frio como sempre tenho enfrentado as coisas exteriores, desde que não se transformem em coisas interiores.
O vôo foi tranqüilo, no canal 13 da TAM você pode ouvir Blues e Jazz, e foi assim que penetrei no céu curitibano, ouvindo um piano e sentindo o chão se aproximar.
É como eu pensei... estranhamente como eu pensei.
Amanhã vou fazer um tour pela cidade em um ônibus especial, verei de perto e sentirei ainda mais o frio, gelarei e farei fotos como um turista apaixonado pelo país que vive (apesar do Datena sempre destacar seu lado podre).
Mas ainda me sinto estranhamente renegado por algo que não sei o que é.
Vejo essa cidade arrumadinha, sem lixo, sem moto-táxis, com gente bonita e cara de rica com grandes e pesados casacos e me sinto no meu país mesmo.
Estar em Pindobaçú ou estar em Curitiba, prá mim é a mesma coisa, a diferença é que o Nordeste tá aqui comigo e o Sul, não levarei, pois sou homem do sol.
Enfim, enquanto os meus estão nas festas de São João, espalhadas pela Bahia e Pernambuco, cá estou eu me sentindo um estranho em meu próprio país...
Estou hoje em Curitiba, minha alma não sei onde anda...
Mas não me despeço antes de deixar meu protesto:
Não! no Nordeste a gente não fala "arraiá", não se veste com roupas quadriculadas, nem todos têm dentes podres nem barbicha desenhada com lápis... Não, no NE somos tão normais que até parecemos Brasil também!
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