quarta-feira, 8 de junho de 2011

Enfim...

Quando a porta se fechou pude perceber que não ouvi a chave trincar, era a esperança de poder voltar, de refazer alguns conceitos e me regenerar das palavras, dos atos e das enchentes que causei no centro da casa e também nos quartos.
Esperei ansiosamente que a porta (ou pelo menos uma das janelas) se abrisse e me convidasse a voltar.
Sentei na pedra fria do jardim e vi quanto mato tinha deixado tomar conta dos canteiros, como minhas flores favoritas já estavam esquecidas e se perdendo num turbilhão de ervas daninhas, tudo isso por não mais sair para curtir minhas flores, meus sonhos, meus amores...
Enfim a porta se abriu e ouvi sua voz doce (armadilhas femininas começam e terminam com doces vozes) me chamando de volta.
A porta entreaberta (cúmplice, ah... as portas são cúmplices das mulheres de vozes doces), me recebeu com um rangido cínico e eu entrei de volta...
Mas dessa vez tinha um olhar diferente sobre toda a casa, dessa vez era estranhamente simples olhá-la em sua beleza clássica e ver nela a mulher de camisola de cetim branca e preta...
Pensei nas flores que abandonei por conta dela...
Pensei de novo...
Agora sua voz doce se mostrara cinicamente doce demais a ponto de causar náuseas e me deixar tonto...
Nos poucos dias dessa volta pude perceber que a doçura de sua voz escondia a grande armadilha da mulher, que me fez regressar e eu mesmo trancar a porta e colocar sob os canteiros de minha flores antigas essa chave cruel e perseguidora.
Agora quero voltar a cuidar de minha flores antigas, que é por elas que vivo...

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