terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Rédeas.

Resolvi tomar as rédeas do cavalo. É que ultimamente tenho deixado que o cavalo decida minha atitudes, meus sentimentos e me conduza como bem entender.
Então a primeira coisa que ele fez foi arrebentar parte da cerca que me protegia de certas coisas, que fazia meu jardim protegido de certas pessoas que não sabem se comportar dentro de um lugar tão delicado e com vários tipos de cores, gente que pisa em tudo, que toca como e onde não deveria, que leva às narinas o cheiro que é exclusivamente feito para mim e traz mais pessoas estranhas e indesejáveis, para dentro de meu espaço, numa invasão arrogante e dolorosa.
Como resultado fui perdendo o encanto pelo meu jardim, fui esquecendo de coisas que aprendi enquanto cultivava cada planta ali guardada e que agora posso ver como estão castigadas, sem brilho, sem vida, sem perspectivas.
Então me levanto dessa confortável e espinhosa cadeira de inércia, seguro as rédeas, levo calmamente meu cavalo ao estábulo para que descanse e pense em sua incoerência, conserto a cerca em sua parte arrebentada e resolvo lhe dar novas cores, reforço o portão, troco a fechadura e coloco as chaves no bolso, que agora quem manda sou eu.
Estou na fase de cuidar das flores que me restaram, algumas não se recuperam mais, porém todas possuem sementes, (ainda meio doloroso isso, pois olhar o estrago que gente insensível faz num lugar como esses é de causar comoção total). Mas essa é a fase atual: recuperar flores antigas, preparar sementes para as novas e refazer esse jardim de forma que possa estar pronto para quando eu abrir de novo o portão, receba com festas meus amigos, meus filhos e uma mulher de verdade,  que amarei e levarei para passear em meu cavalo, e, que dessa vez, serei eu a segurar-lhe as rédeas.

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