Como se sabe, Weber argumentou que a Reforma Protestante abriu caminho para o capitalismo através de uma completa alteração das crenças e hábitos diários da vida. Weber mostrou-se particularmente interessado em Calvino e no calvinismo, pois encontrou neles o processo pelo qual as disciplinas monásticas – o dia ordenado de trabalho, a vida frugal, o ascetismo, a autonegação, o chamado para a vida religiosa, o individualismo, a predestinação, a dependência da graça por parte de seres humanos inteiramente incapazes de qualquer bem eles mesmos porém constantemente impelidos às boas obras em resposta à graça – deixaram os monastérios e alcançaram a população em geral.
Esses ritmos da vida diária mostraram-se cruciais na transição entre os padrões medievais e aqueles mais adequados ao capitalismo. Embora Lutero tenha tomado o primeiro passo na desconstrução do monasticismo medieval, a contribuição de Calvino foi fazer deste mundo um lugar de teste e de preparação para a vida em outro mundo que ainda não pode ser conhecido. A vida diária tornou-se cenário de uma racionalização sem precedentes, na qual cada momento estava sujeito a ordenação, escrutínio e prestação de contas.
O paradoxo aqui está em que Calvino não tornou a vida humana menos religiosa: ao contrário, a vida humana como um todo tornou-se um monastério. Porém foi precisamente essa ampla religionização que gerou tanto as possibilidades do capitalismo quanto o fim do protestantismo calvinista como tal. Porque, ao sacralizar a vida como um todo, Calvino também a racionalizou; ao colocar em andamento essa estirpe secular de ascetismo, deixou de haver qualquer necessidade para a perpetuação de algum conceito religioso. Um ascetismo puramente secular tornou-se o resultado lógico da teologia de Calvino, que pode então ser descartada, uma vez que já cumpriu sua missão. O calvinismo protestante funciona portanto como um agente catalisador que desaparece uma vez que tenha cumprido a sua tarefa.
Pescado no Bacia das Almas
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
'PREGUIÇA BAIANA'
'Preguiça baiana' é faceta do racismo. A famosa 'malemolência' ou preguiça baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na PUC. A pesquisa que resultou nessa tese durou quatro anos.
A tese, defendida no início de setembro pela professora de antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de 'festa eterna'.
Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. 'Quem se diverte é o turista', diz a antropóloga.
O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas, que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatórios contra os negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia.
O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.
A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio da elite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos, devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução do serviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão??? ?).
Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de 'proteção' dos seus empregos.
Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. 'Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas cidades industrializadas e urbanas. A preguiça, aí, aparece como uma especiaria que a Bahia oferece para o Brasil', diz Elisete. Até Caetano se contradiz quando vende uma imagem e diz: 'A fama não corresponde à realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como em qualquer lugar do mundo'.
Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústria do turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de lazer permanente 'Só que Salvador é uma das principais capitais industriais do país, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades.'
O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior pólo industrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que, em cerca de 10 anos será o maior pólo industrial na América latina.
Para tirar as conclusões acerca da origem do termo 'preguiça baiana', a antropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o comportamento dos trabalhadores em empresas. O estudo comprovou que o calendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. O feriado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessos de final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24 /06), que é feriado em todo o norte e nordeste (e não só na Bahia).
Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no Pólo Petroquímico da Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendo que o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada).
Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de qualidade no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio (e foi a única do Brasil).
Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados 'desocupados' (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares de bairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13° lugar.
Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido a fatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado ainda não saturado. O investimento industrial e turístico tem atraído muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo de Salvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro (bancos,financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios de advocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceiro setor
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Crasso amor!
CAPÍTULO 01
O ENCONTRO
Tínhamos um trato. Era um trato simples, dado às circunstâncias do momento, era um trato até razoável do ponto de vista de uma convivência pacífica.
Embora eu fosse 20 anos mais velho que ela, sei que tínhamos os mesmos desejos e expectativas em relação a tudo aquilo que estávamos vivendo.
Não tinha mesmo a pretensão de ser o grande amor da vida dela, apenas estava curtindo o momento de tal forma que entrei de cabeça em tudo o que ela havia me proposto, e agora eu estou aqui, numa cela fria, juntamente com mais 35 homens de vários lugares do país. Pelo menos hoje colocaram um desinfetante forte no vaso e o mau cheiro misturado com o forte cheiro de eucalipto causa ânsia de vômito, mas pelo menos é um cheiro novo...
Bem, era um acordo simples, como eu ia dizendo apenas sermos sinceros um com o outro. Desde sua adolescência ela sempre namorara com meninas, era lésbica desde que conheceu seu corpo e nunca, sequer havia beijado um homem, um primo que fosse, nada.
Seu pai morrera antes dela completar dois anos, tinha uma vaga lembrança de sua figura forte, na maioria das vezes que falava dele eu tinha certeza de que era apenas uma fantasia, baseada no desejo de te-lo ali perto. Isso também me ajudou a ficar com o pé atrás, sabia que às vezes me colocava na figura de pai, ora de amante, ora de um bom amigo, uma presença masculina, isso era tão estranhamente embaralhado em sua mente, mas na minha estava tudo muito claro, eu sabia separar bem as coisas, sabia exatamente o que dizer, a hora certa e o tom correto, como também sabia da hora de ficar em silêncio, enquanto ela sorvia grandes goles de whisk nacional barato eu admirava sua beleza e juventude por trás da fumaça de um cigarro cubano.
Conhecemos-nos meio que sem pretensão, eu era um quarentão que se vestia como um menino de 18 anos e saia para as festas GLS com uma amiga lésbica que passava a noite girando próximo as caixas de som enquanto cheirava benzina e jurava que seu dedo se transformava em uma cabra. Fui comprar uma cerveja (odeio o gosto amargo de cerveja), apenas para ter o que segurar (tipo um objeto cênico), para dar o ar de despreocupado. Lá estava ela, de cabeça baixa analisando uma enorme poça de vômito. Seus cabelos castanhos brilhavam ao refletir o néon, suas mãos tremiam e sua blusa aberta mostrava um dos seios róseo. Fiquei parado reparando a cena e esperando que alguém chegasse para ajudar, ou simplesmente para falar com ela. Cerca de cinco minutos e ninguém se aproximou, seus olhos me olharam como quem perguntam: “o que foi???” me aproximei e perguntei se precisava de alguma coisa, ela não respondeu. Ajeitou a blusa e pegou um cigarro. Tinha um jeito lindo de fumar, uma elegância, uma desenvoltura hollyiwdiana. Ofereci para acender seu cigarro, tomei o isqueiro de sua mão e percebi que sua beleza clássica, madura, nariz adunco, pele branca com algumas espinha salientes denunciavam sua pouca idade, limpou os lábios e disse: “... e aí, tá de carro?”, resolvi mentir: “não! Estou de táxi...” “...porra”. fiquei observando-a fumar. Ajudei a levantar-se e a levei ao banheiro feminino, onde na porta várias meninas se beijavam ignorando quem entrava ou saía, lá dentro ajudei-a a usar o vaso, vomitou mais uma vez, um cheiro azedo de bebida barata tomou conta do universo inteiro.
Após lavar o rosto parecia outra pessoa, qualquer aparência de bêbada estava longe, perguntou numa afirmação: “você é o David, num é?” confirmei e queria sair dali, mas infelizmente a festa ainda estava começando.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
Eu Gosto de Homens e de Mulheres
É assim que a cantora (que eu não morro de amores, adianto), me fez pensar em uma coisa simples e que gira em torno de um tema que nossa cabeça adora deturpar: As relações humanas.
Claro está na canção de Ana Carolina, que a intenção é analisar essa questão do Gostar, dentro de um ponto de vista mesmo de conceito do humano.
Quando eu digo: Eu gosto de todos os homens... ou Eu gosto de todas as mulheres, todas as crianças, não pensam que eu quero levar todos os homens, mulheres e crianças para a cama.
Quando eu digo: Eu gosto de todos os homens... ou Eu gosto de todas as mulheres, todas as crianças, não pensam que eu quero levar todos os homens, mulheres e crianças para a cama.
Então, os homens que lutam por uma vida digna, que estão nesse mundo por uma desígnio divino, desses homens eu gosto... As mulheres que estão também aqui por vários outros motivos que não podemos decifrar, eu gosto...
Por isso, digo juntamente com Ana: "Gosto de Homens e de mulheres", mas na minha cama, só elas, porque gostar também tem seus limites
HOMENS E MULHERES
(Ana Carolina)
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Homens que dançam tango
Mulheres que acordam cedo
Homens que guardam as datas
Mulheres que não sentem medo
Homens de toda idade
Mulheres até as genéricas
Homens que são de verdade
Mulheres de toda a América
Homens no sinal verde
Mulheres de batom vermelho
Homens que caem na rede
Mulheres que são meu espelho
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Mulheres na guitarra
Homens de corpo e mente sã
Homens vestindo sobretudo
Mulheres melhor sem sutiã
Mulheres melhor sem sutiã
Homens que enrolam serpente
Mulheres que vão na frente
Homens de amar tão de repente
Mulheres de amar pra sempre
Mulheres de amar pra sempre
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Homens que dançam tango
Mulheres que acordam cedo
Homens que guardam as datas
Mulheres que não sentem medo
Homens de toda idade
Mulheres até as genéricas
Homens que são de verdade
Mulheres de toda a América
Homens no sinal verde
Mulheres de batom vermelho
Homens que caem na rede
Mulheres que são meu espelho
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Mulheres na guitarra
Homens de corpo e mente sã
Homens vestindo sobretudo
Mulheres melhor sem sutiã
Mulheres melhor sem sutiã
Homens que enrolam serpente
Mulheres que vão na frente
Homens de amar tão de repente
Mulheres de amar pra sempre
Mulheres de amar pra sempre
Eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Recado da Menina!
Eu sei da ferida que deixei quando parti, sei do tamanho do vazio que é bem maior que tua casa toda, das milhares de frases que deixei para que o silêncio resolvesse com o tempo sua importância.
Sim eu sei da covardia que cometi quando de malas prontas não olhei para trás nem te mostrei qual o caminho para me seguir...
Não há em mim respostas!
Sou apenas uma mulher não pronta para ser mulher, nem ser amada, querida, desejada.
É que carne de mulher é feita de promessa e se alimenta de invasão, tem fogo que arde sem motivo e se sufoca com tudo que não entende.
Não, amigo, não sei mesmo o que seria esse amor que todos dizem existir...
Sei que trouxe comigo muito de suas paixões, esperanças, ilusões e a beleza de acreditar que dependia de mim para ser feliz.
Agora sabes, que não há em mim aquela rosa, aquele porto, aquela rede, aquele colo que eu te dizia possuir...
Sabes agora que meu riso era raso e que meu carinho era ilusão e que no meu peito (embora sempre dizias que ouvia ele gritar teu nome) é silêncio e sempre será...
Sabes que sou tão cruel a ponto de divertir-me com o pranto alheio...
Sabes agora, que meu amor nunca houve...
Mas deves me agradecer, nobre amigo, pois agora sabes que amor não existe, que palavras doces são ilusão e que felicidade tem recheio de mentira...
Agora sabes, nobre amigo, agora sabes aí em tua rede e sob tuas lágrimas que o corpo de mulher é bombom envenenado, por fora doce e macio, mas em seu recheio o mais letal dos venenos...
Não deves amigo, derramar lágrimas por mim, a não ser que queiras ver-me sorrir...
Sim eu sei da covardia que cometi quando de malas prontas não olhei para trás nem te mostrei qual o caminho para me seguir...
Não há em mim respostas!
Sou apenas uma mulher não pronta para ser mulher, nem ser amada, querida, desejada.
É que carne de mulher é feita de promessa e se alimenta de invasão, tem fogo que arde sem motivo e se sufoca com tudo que não entende.
Não, amigo, não sei mesmo o que seria esse amor que todos dizem existir...
Sei que trouxe comigo muito de suas paixões, esperanças, ilusões e a beleza de acreditar que dependia de mim para ser feliz.
Agora sabes, que não há em mim aquela rosa, aquele porto, aquela rede, aquele colo que eu te dizia possuir...
Sabes agora que meu riso era raso e que meu carinho era ilusão e que no meu peito (embora sempre dizias que ouvia ele gritar teu nome) é silêncio e sempre será...
Sabes que sou tão cruel a ponto de divertir-me com o pranto alheio...
Sabes agora, que meu amor nunca houve...
Mas deves me agradecer, nobre amigo, pois agora sabes que amor não existe, que palavras doces são ilusão e que felicidade tem recheio de mentira...
Agora sabes, nobre amigo, agora sabes aí em tua rede e sob tuas lágrimas que o corpo de mulher é bombom envenenado, por fora doce e macio, mas em seu recheio o mais letal dos venenos...
Não deves amigo, derramar lágrimas por mim, a não ser que queiras ver-me sorrir...
Rédeas.
Resolvi tomar as rédeas do cavalo. É que ultimamente tenho deixado que o cavalo decida minha atitudes, meus sentimentos e me conduza como bem entender.
Então a primeira coisa que ele fez foi arrebentar parte da cerca que me protegia de certas coisas, que fazia meu jardim protegido de certas pessoas que não sabem se comportar dentro de um lugar tão delicado e com vários tipos de cores, gente que pisa em tudo, que toca como e onde não deveria, que leva às narinas o cheiro que é exclusivamente feito para mim e traz mais pessoas estranhas e indesejáveis, para dentro de meu espaço, numa invasão arrogante e dolorosa.
Como resultado fui perdendo o encanto pelo meu jardim, fui esquecendo de coisas que aprendi enquanto cultivava cada planta ali guardada e que agora posso ver como estão castigadas, sem brilho, sem vida, sem perspectivas.
Então me levanto dessa confortável e espinhosa cadeira de inércia, seguro as rédeas, levo calmamente meu cavalo ao estábulo para que descanse e pense em sua incoerência, conserto a cerca em sua parte arrebentada e resolvo lhe dar novas cores, reforço o portão, troco a fechadura e coloco as chaves no bolso, que agora quem manda sou eu.
Estou na fase de cuidar das flores que me restaram, algumas não se recuperam mais, porém todas possuem sementes, (ainda meio doloroso isso, pois olhar o estrago que gente insensível faz num lugar como esses é de causar comoção total). Mas essa é a fase atual: recuperar flores antigas, preparar sementes para as novas e refazer esse jardim de forma que possa estar pronto para quando eu abrir de novo o portão, receba com festas meus amigos, meus filhos e uma mulher de verdade, que amarei e levarei para passear em meu cavalo, e, que dessa vez, serei eu a segurar-lhe as rédeas.
Então a primeira coisa que ele fez foi arrebentar parte da cerca que me protegia de certas coisas, que fazia meu jardim protegido de certas pessoas que não sabem se comportar dentro de um lugar tão delicado e com vários tipos de cores, gente que pisa em tudo, que toca como e onde não deveria, que leva às narinas o cheiro que é exclusivamente feito para mim e traz mais pessoas estranhas e indesejáveis, para dentro de meu espaço, numa invasão arrogante e dolorosa.
Como resultado fui perdendo o encanto pelo meu jardim, fui esquecendo de coisas que aprendi enquanto cultivava cada planta ali guardada e que agora posso ver como estão castigadas, sem brilho, sem vida, sem perspectivas.
Então me levanto dessa confortável e espinhosa cadeira de inércia, seguro as rédeas, levo calmamente meu cavalo ao estábulo para que descanse e pense em sua incoerência, conserto a cerca em sua parte arrebentada e resolvo lhe dar novas cores, reforço o portão, troco a fechadura e coloco as chaves no bolso, que agora quem manda sou eu.
Estou na fase de cuidar das flores que me restaram, algumas não se recuperam mais, porém todas possuem sementes, (ainda meio doloroso isso, pois olhar o estrago que gente insensível faz num lugar como esses é de causar comoção total). Mas essa é a fase atual: recuperar flores antigas, preparar sementes para as novas e refazer esse jardim de forma que possa estar pronto para quando eu abrir de novo o portão, receba com festas meus amigos, meus filhos e uma mulher de verdade, que amarei e levarei para passear em meu cavalo, e, que dessa vez, serei eu a segurar-lhe as rédeas.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Carnal
Sou divino e sou carnal, carnívoro, carniceiro.
Fiquei envergonhado porque estava amando. Bem que o objeto de meu amor desmancharia tal comprimido efervescente na água, diante da primeira decepção ao meu lado (coisa que seria breve, caso não tivesse partido).
Depois comecei a perceber que mais ridículo do que amar era essa vergonha infantil de ter vergonha de um sentimento belo, bonito e desprovido de qualquer interesse e capaz de transformar certos momentos de pura carnalidade na mais profunda expressão do amor.
Porém o que acima teimo em apelidar de amor na verdade deveria se chamar de outra coisa, pois amor mesmo, amor de verdade não existe. Nem queiram pasmar ou questionar, pois amor de verdade não existe. Essa angustia não pode ser amor, essa perda, essa definição generalizada de algo que deveria ser específico (tipo: um pássaro azul é azul, por mais que a idéia de um pássaro azul seja diferente para todas as pessoas que pensem num pássaro azul, mas sua existência, por mais que possa parecer exótica é verossímil), e, como se sabe, se pergunto à menina que ama uma menina pela internet o que vem a ser o amor, com certeza ela e Neruda não concordariam, apesar de dizerem ambos que o amor existe...
Sou carnal, por isso não posso ser um objeto que tenha em si qualquer espécie de amor perfeito, pois essas duas palavras juntas são tão inconseqüentes que sequer deveriam existir.
Amo meu pai, mas não amo o seu, amo meus filhos mas não amo os seus... Isso é amor dentro de uma botija puramente carnal.
Por isso, enquanto carnívoro, vou amando as carnes, chamando minha fome de amor, que outra palavra ofenderia a quem ama, mesmo sem saber que isso sequer existe...
Sentimentos são muitos e se misturam, se confundem e nos deixam sem rumo, lerdos, perdidos.
Mas amor mesmo, onde Deus, que é amor, o teria escondido?
PS.: Apesar de parecer insensato, uso aqui a palavra amor por algumas questões: primeira, não haveria outra; segunda: o desgaste dessa palavra me permite usá-la na cama, na feira, no cinema, na internet etc; terceira: como não sou escritor nem poeta não tenho lá um vocabulário rico, que me ajude a substituí-la de forma satisfatória.
Fiquei envergonhado porque estava amando. Bem que o objeto de meu amor desmancharia tal comprimido efervescente na água, diante da primeira decepção ao meu lado (coisa que seria breve, caso não tivesse partido).
Depois comecei a perceber que mais ridículo do que amar era essa vergonha infantil de ter vergonha de um sentimento belo, bonito e desprovido de qualquer interesse e capaz de transformar certos momentos de pura carnalidade na mais profunda expressão do amor.
Porém o que acima teimo em apelidar de amor na verdade deveria se chamar de outra coisa, pois amor mesmo, amor de verdade não existe. Nem queiram pasmar ou questionar, pois amor de verdade não existe. Essa angustia não pode ser amor, essa perda, essa definição generalizada de algo que deveria ser específico (tipo: um pássaro azul é azul, por mais que a idéia de um pássaro azul seja diferente para todas as pessoas que pensem num pássaro azul, mas sua existência, por mais que possa parecer exótica é verossímil), e, como se sabe, se pergunto à menina que ama uma menina pela internet o que vem a ser o amor, com certeza ela e Neruda não concordariam, apesar de dizerem ambos que o amor existe...
Sou carnal, por isso não posso ser um objeto que tenha em si qualquer espécie de amor perfeito, pois essas duas palavras juntas são tão inconseqüentes que sequer deveriam existir.
Amo meu pai, mas não amo o seu, amo meus filhos mas não amo os seus... Isso é amor dentro de uma botija puramente carnal.
Por isso, enquanto carnívoro, vou amando as carnes, chamando minha fome de amor, que outra palavra ofenderia a quem ama, mesmo sem saber que isso sequer existe...
Sentimentos são muitos e se misturam, se confundem e nos deixam sem rumo, lerdos, perdidos.
Mas amor mesmo, onde Deus, que é amor, o teria escondido?
PS.: Apesar de parecer insensato, uso aqui a palavra amor por algumas questões: primeira, não haveria outra; segunda: o desgaste dessa palavra me permite usá-la na cama, na feira, no cinema, na internet etc; terceira: como não sou escritor nem poeta não tenho lá um vocabulário rico, que me ajude a substituí-la de forma satisfatória.
Olhares.
Mãos coladas como se rezassem
o casal passeia à beira do rio
O homem olha para Juazeiro e sente saudades
Ela, para dentro de si e sente arrependimento...
Ao longe a chuva fina começa timidamente
seus rostos sentem as primeiras gotas
poema dos céus amenizando o calor
os olhos se fecham e já não há mais amor no colo dela
Ele não sente que o amor acabou
a mulher não sabe como dizer
nesse instante Juazeiro adormece
Petrolina é cúmplice da alma desalmada da mulher
Aos poucos a vida recomeça do lado de cá
e o homem de olhos alegres flutua ao lado dela
que de passos pesados rasteja sem destino
sem culpa, sem razão, sem amor, sem palavras...
Crueldade dizer de seu desamor
crueldade não dizer
e na dúvida perece sua razão
e se resolve, vai partir, valorizar-se
e se vai, como se decidisse
na última hora, (para surpresa dele)
que os olhos dos homens não vêem desamor
a não ser o seu... a não ser o seu...
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
O Homem e a menina!
Frente ao espelho começou a perceber o quanto estava ficando velho, isso não o incomodou, estava resignando tudo nesses ultimos dias. Tinha desistido de lutar, qualquer que fosse a batalha não mais lhe importava. Até mesmo se visse corpos pelo chão, espalhados pelo asfalto, achava que não se importaria mais.
Olhou fotos antigas em um álbum que há tempos não pegava, não sentiu saudades dos momentos que estavam ali registrados.
Não demonstrou nenhuma preocupação a ver contas e alguns resultados de seu último exame de próstata que lhe acusavam um câncer já adiantado.
Essa resignação nunca lhe havia acontecido antes em todos os seus 40 anos de vida.
Conferiu se a porta da frente estava aberta e se todas as outras estavam fechadas.
Apagou todas as luzes com exceção a da frente, próxima ao portão pequeno, que apenas encostado, esperava em vão a volta da menina.
Todo seu mundo estava alí, na esperança da volta dela, que junto com seus olhos castanhos havia levado também toda sua vida, toda sua alma, e pelo jeito pedaços dos rins, pulmões e outras partes menos expressivas.
Tomou um remédio amargo que não sabia para que servia e deitou-se sem desarrumar a cama, caso ela voltasse.
Olhos fitos no teto escuro, sentia-se culpado por não pensar em outra coisa.
A menina tinha-se ido, levado todas as coisas, as roupas, os olhos, os seios, e o mais importante: sua vida, que a ela tinha dado sem pedir nada em troca.
Quando a conheceu se martirizava por ser tão velho, mas agora estava resignado com isso também. Sempre que pensava nela e na sua ausência achava muito bom ter mais de 40 anos, estaria cada vez mais perto de morrer, se ver livre dessa dor de ter sido abandonado sem razão aparente.
A espera se confundia, queria que por aquele portão entrasse ou ela ou a morte salvadora, que a solidão, de tão cruel que é, não mata, vai torturando esperando que se confesse algo que nunca é o bastante.
O velho fechou os olhos e esperou.
O portão não rangeu durante a noite, por mais que ele tivesse imaginado ouvir seu gemido...
A morte não apareceu com sua mão fria a acariciar-lhe a calvicie.
Mas a solidão, com seus grandes dentes e lábios frios esperava ansiosamente que ele acordasse.
Ao acordar praguejou o sol, chamou de incompetente sua próstata e resolveu facilitar o trabalho da morte.
Juntou vários remédios, cerca de trinta comprimidos dos mais variados modelos e tamanhos.
Foi tomando um a um...
Sentou-se frente ao espelho e viu que estava ficando mesmo mais velho.
Foi sentindo-se sonolento e levemente tonto, um leve formigamento no braço esquerdo e o mundo a escurecer.
Olhava-se no espelho, queria ver-se morrer...
Nesse instante ouviu o portão abrir-se, reconheceu os passos da menina. Seu peito encheu-se de emoção e de arrependimento, tentou levantar-se mas a dose letal de comprimidos não lhe permitiu.
Percebeu a maçaneta girar, com a delicadeza da mão da menina.
Um cheiro de gardênia invadiu a sala, uma presença clara tomou conta de seu mundo. Seu último esforço em girar a cabeça lhe mostrou que a morte tem passos de menina, cheiro de gardênia e abre portas com delicadeza de mãos femininas.
Olhou fotos antigas em um álbum que há tempos não pegava, não sentiu saudades dos momentos que estavam ali registrados.
Não demonstrou nenhuma preocupação a ver contas e alguns resultados de seu último exame de próstata que lhe acusavam um câncer já adiantado.
Essa resignação nunca lhe havia acontecido antes em todos os seus 40 anos de vida.
Conferiu se a porta da frente estava aberta e se todas as outras estavam fechadas.
Apagou todas as luzes com exceção a da frente, próxima ao portão pequeno, que apenas encostado, esperava em vão a volta da menina.
Todo seu mundo estava alí, na esperança da volta dela, que junto com seus olhos castanhos havia levado também toda sua vida, toda sua alma, e pelo jeito pedaços dos rins, pulmões e outras partes menos expressivas.
Tomou um remédio amargo que não sabia para que servia e deitou-se sem desarrumar a cama, caso ela voltasse.
Olhos fitos no teto escuro, sentia-se culpado por não pensar em outra coisa.
A menina tinha-se ido, levado todas as coisas, as roupas, os olhos, os seios, e o mais importante: sua vida, que a ela tinha dado sem pedir nada em troca.
Quando a conheceu se martirizava por ser tão velho, mas agora estava resignado com isso também. Sempre que pensava nela e na sua ausência achava muito bom ter mais de 40 anos, estaria cada vez mais perto de morrer, se ver livre dessa dor de ter sido abandonado sem razão aparente.
A espera se confundia, queria que por aquele portão entrasse ou ela ou a morte salvadora, que a solidão, de tão cruel que é, não mata, vai torturando esperando que se confesse algo que nunca é o bastante.
O velho fechou os olhos e esperou.
O portão não rangeu durante a noite, por mais que ele tivesse imaginado ouvir seu gemido...
A morte não apareceu com sua mão fria a acariciar-lhe a calvicie.
Mas a solidão, com seus grandes dentes e lábios frios esperava ansiosamente que ele acordasse.
Ao acordar praguejou o sol, chamou de incompetente sua próstata e resolveu facilitar o trabalho da morte.
Juntou vários remédios, cerca de trinta comprimidos dos mais variados modelos e tamanhos.
Foi tomando um a um...
Sentou-se frente ao espelho e viu que estava ficando mesmo mais velho.
Foi sentindo-se sonolento e levemente tonto, um leve formigamento no braço esquerdo e o mundo a escurecer.
Olhava-se no espelho, queria ver-se morrer...
Nesse instante ouviu o portão abrir-se, reconheceu os passos da menina. Seu peito encheu-se de emoção e de arrependimento, tentou levantar-se mas a dose letal de comprimidos não lhe permitiu.
Percebeu a maçaneta girar, com a delicadeza da mão da menina.
Um cheiro de gardênia invadiu a sala, uma presença clara tomou conta de seu mundo. Seu último esforço em girar a cabeça lhe mostrou que a morte tem passos de menina, cheiro de gardênia e abre portas com delicadeza de mãos femininas.
domingo, 28 de novembro de 2010
O Disparo!
Havia tanta fúria em seu coração que isso parecia lhe guiar por entre a sala e os corredores cheio de quadros falsos, fosse em outra oportunidade teria parado e admirado cada um deles, mas agora não, um tipo de instinto o guiara até ali, a rua, o portão, o jardim mau cuidado e a porta aberta, seu carro na garagem, com a chupeta de Betinho pendurada no retrovisor e a marca de arranhão do lado direito, havia encostado no carro do chefe e ainda não tinha tido coragem de dizer nada.
Ante a porta de um quarto parou, tentou encontrar ar, respirou lentamente para não fazer barulho, ouviu a voz rouca de Mári dizendo algo que não decifrou, um pouco de silencio e gemido ofegante de Rodrigo se fez ecoar pelo corredor.
Conferiu pela milésima vez que a arma estava presa ao cinto na parte de trás.
Segurou a maçaneta e a girou lentamente, a porta se abriu sem ruído algum, ajoelhada aos pés da cama Mári se concentrava em satisfazer oralmente o dono da casa.
Suas pernas tremiam.
Sua presença foi logo notada pelo casal que em vão tentara se recompor.
- Vá embora, saia de minha casa, seu corno! A voz ríspida do homem enchia de fúria e intimidação!
- Vim buscar minha mulher – gaguejou Marinho olhando para os seis à mostra de sua esposa.
- Só vou depois que terminar – um riso irônico escapou pelo lado esquerdo de seu lábio – agora vá embora que ta na hora de pegar Marta na escola...
Marinho baixou a cabeça, queria dizer alguma coisa, sabia das traições da esposa, sabia que não poderia fazer nada, não era a primeira vez que vira ela com Rodrigo e eles sempre debochavam dele.
Queria ter coragem de puxar o gatilho, de acabar com aquilo de uma vez por todas.
Havia tanta dor dentro de si que ficou paralisado...
- Toma a chave do carro e espera, vou já... – disse ela demonstrando um pouco de compaixão.
- Mas e Marta ? – falou sem perceber
- Ainda faltam 30 minutos... – foi a resposta.
Marinho saiu do quarto sem mais palavras.
Entrou no carro e as lágrimas tomaram conta de si...
A arma o incomodou ao sentar, lembrou-se que tinha pegado emprestado com seu primo, que é policial sob a recomendação de não fazer besteiras.
A posição favorita de Mári foi interrompida com o barulho do tiro que vinha da garagem.
- O idiota se matou! – gritou Rodrigo pulando da cama sem se importar se derrubaria a amante de cima de si.
Se depararam com Marinho, arma ainda fumegando em punho e com expressão de pavor nos olhos:
- Disparou, desculpa.
E o amor cansa...
É isso, cansei de amar, amar a todos, olhar com carinho e delicadeza as pessoas que me desprezam, que usam sua ausência ou suas palavras para me dizerem o quanto me odeiam, o quanto eu sou fraco.
Amar tem me feito mal.
Tem me trazido consequencias inexplicáeis dentro de um ponto de vista de sobrevivência mesmo.
Para mim amar sempre foi aquele lance de entrega, de desapego, de valorização do outro em detrimento de mim mesmo.
É desse amor imbecil que eu falo (haverá outro... sei que há, porém como sempre me pareceu meio esquisito me amar mais do que ao outro, resolvi não seguir essa racional forma de amar), do amor da auto-negação, da desentrega à si próprio e de tirar a capa em tempo de frio para aquela que te surpreende quando anos mais tarde ironiza de seu amor, e de como dividira a capa com outro.
Falo desse amor demente, descrente da má fé alheia, esse amor que consome, inverte as coisas, confunde, maltrata e machuca como se fosse uma manga madura, caindo de uma altura enorme, lá vai ela, curtindo o sabor amarelo da queda e ao espatifar-se no chão se vê impotente para adocicar a vida de quem quer que seja.
Não falo aqui do amor do apóstolo Paulo ou da absoluta falta de explicação dos Montechios e Capuletos, desse amor eu não falo, pois que mesmo que pareça ser renúncia, não significa nada, a não ser a busca de satisfazer seu próprio capricho existencial.
Mas o amor que me enche as veias e o sulco do rosto, é tão incompreensível para os outros que parece não existir, e mesmo depois da traição, do desprezo, da injustiça teima em continuar existindo de forma patológica...
É isso meus querido, isso que chamo de amor cansa, destrói, dói, definha e se faz carrasco.
Mata-me como se eu fosse hospedeiro de um parasita frio e cruel.
Isso tem começado a me fazer mal.
(Sempre achei que isso é coisa de poeta, que todos amam da mesma forma, e os mais idiotas escrevem sobre isso).
Preciso odiar um pouco, por questão de sobrevivência, arranjar um inimigo ali, ou desafeto aqui, falar coisas para tentar destruir alguem, sair dessa condição de amador.
Para se dar bem na vida é preciso ser profissional. Sair de baixo do pé dos que te odeiam (e que por causa de alguma coisa, sabe-se lá Deus porque, você os ama...), dobrar o pé, derrubar no pó, chutar a cara, cuspir e dizer o quanto estar sob os pés de quem quer que seja é indigno.
Pois na primeira oportunidade, sempre haverá quem queira sentir o gosto de pisar em você, e aí é só ele descobrir que você o ama e pronto, transformou-se em um belo tapete.
É isso, Drummond já dizia que "amar se aprende amando...", talvez eu nunca vá aprender, são tantos anos e cheguei a conclusão que sempre fui usado na minha maneira de amar.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
O caos por causa do amor.
Permita-me divagar mais um pouco, minha amiga de olhos cansados e mente sempre alerta.
É que ontem me sobreveio um pensamento meio estranho, e como sou dado a pensamentos estranhos esse não me pareceu nada de novo, a não ser pela vontade que me deu de falar com você (uma das únicas a ler esses pensamentos estanhos e compara-los ao nosso querido FP).
Eis o maldito:
“Porque não querem entender o amor, que em seu nome desobedece-se ao Deus e come-se do fruto?”
Bem, como você pode ver apenas um pequeno pensamento, porém ao ver pela onésima vez Dr. Jivago, onde a beleza de Lara toma o coração tão passional do pobre médico esse pensamento me veio a tona com mais força, pois em nome do amor aos olhos azuis de Lara, muita dor seu coração teve que suportar (não obstante ainda que seu corpo também tenha sofrido as mazelas das dores carnais, mas essas a gente deixa que o lado médico do Yuri as resolvesse, pois as dores do coração, talvez amainassem pelo seu lado poético...)
Continuemos:
No inicio do mundo (permita-me também expor meus pensamento criacionistas nesse solilóquio.) criou o Todo Poderoso um homem à sua imagem e semelhança e deu-lhe o mundo para que governasse, coisa que ele fazia de forma prática e bastante eficaz; porém faltava-lhe uma coisa, para que ele se tornasse mais envolvido, isso que lhe faltava seria um objeto, onde ele pudesse depositar o amor que possuía (ora, ser feito à imagem e semelhança do próprio amor, deduze-se que haja amor de sobra em seu virgem coração); foi-lhe feito uma mulher (que melhor coisa para se amar que uma mulher?) e então, foi-lhe entregue, para que a amasse, a cuidasse e a respeitasse. Foi o que o infeliz fez, amou mesmo, deve ter-lhe feito teto, trazido comida, esquentado seu corpo nas noites no paraíso, sabe-se até que filhos teria lhe feito. Pois bem, aí vem o perigo, querida amiga: como provar esse amor? Era tudo bom demais sem vizinhos, sem tv, sem contas, sem internet nem cunhados, viviam na maior boa-vida no paraíso, amar assim, acho que até aquela pessoa de quem não falamos saberia amar.
Havia um regra, não comer do fruto (aqui não devo divagar sobre o tal, apenas o chamemos de fruto por uma facilidade de se explicar o que pretendo). Lá se vai a mulher, com seus olhos e seus quadris serpenteando pelo paraíso, de olhos perdidos o infeliz acompanha, em pouco tempo, a sinuosidade também está na língua e na maciez do toque: “...coma...” diz ela... Ah... vá entender os desmandos do amor, do grande e inexplicável amor... penso na dúvida do homem, ali estava, o seu grande amor lhe pedindo uma coisa simples, apenas que provasse seu amor de forma simples, comesse do fruto, poderia ser poderoso e poderoso poderia lhe dar mais, mais, que o amor é assim, nunca se satisfaz com o que deu, quer sempre dar mais...
E pra resumir amiga, através desse gesto de amor, eis que entra o pecado no mundo, como fruto desse amor cá estamos nós pagando ainda, somos ainda a continuação dessa grande história de amor.
Guerras, mortes, coisas horríveis se travam em nome do amor, seja por uma mulher, por Alá, por um país, ou simplesmente por um pedaço de pão...
Não fosse o amor, querida amiga, estaríamos ainda no paraíso...
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Porto
Não sabem os moradores dessa ilha silenciosa o quanto sofremos para aqui chegar. As enormes ondas, as grossas gotas de chuva, ventos e relâmpagos que os deuses vomitaram contra nossa tão fraca carne.
Esse porto silencioso, onde agora chegamos, não se compara a angústia que por dias passamos, onde a esperança foi a primeira a se afogar.
Um a um nos olhamos sem palavras, sem mais ofensas, sem gritos nem desespero, agora somos mais irmãos que antes.
Sento-me nesse porto e minhas lágrimas enfim são liberadas.
Não pretendo aqui demorar, explorar e desvendar os mistérios dessa ilha que me recebe tão silenciosa e resignadamente tranquila.
Sou marinheiro teimoso, esperarei o mar se acalmar e voltarei. Não! não saberia viver nos braços quentes e macios de uma ilha, onde seus mistérios seriam desvendados em uma noite apenas.
Devo voltar! Arriscar-me de novo, entregar-me outra vez às suas vontades, aos seus desígnios, caprichos e água salgada.
Voltarei a navegar, que se dessa vez ainda não pereci em sua turbulência, e, como a vida ainda me teima arder os olhos, voltarei a encarar de peito aberto...
Não sou homem de Portos, sou de (a) MAR, ainda que saiba que nele morrerei.
Esse porto silencioso, onde agora chegamos, não se compara a angústia que por dias passamos, onde a esperança foi a primeira a se afogar.
Um a um nos olhamos sem palavras, sem mais ofensas, sem gritos nem desespero, agora somos mais irmãos que antes.
Sento-me nesse porto e minhas lágrimas enfim são liberadas.
Não pretendo aqui demorar, explorar e desvendar os mistérios dessa ilha que me recebe tão silenciosa e resignadamente tranquila.
Sou marinheiro teimoso, esperarei o mar se acalmar e voltarei. Não! não saberia viver nos braços quentes e macios de uma ilha, onde seus mistérios seriam desvendados em uma noite apenas.
Devo voltar! Arriscar-me de novo, entregar-me outra vez às suas vontades, aos seus desígnios, caprichos e água salgada.
Voltarei a navegar, que se dessa vez ainda não pereci em sua turbulência, e, como a vida ainda me teima arder os olhos, voltarei a encarar de peito aberto...
Não sou homem de Portos, sou de (a) MAR, ainda que saiba que nele morrerei.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
EU PENSO QUE:
"A melhor coisa do Presente é a possibilidade que ele nos dá de cometer erros do passado como se fossem novos"
"O amor é uma guerra, se você sai dele sem nenhuma cicatriz, não foi um bom soldado..."
"Não é o amor ou a falta dele que mais sufoca, é a madrugada..."
"O que eu gosto em estar só, é o fato de que os outros não poderão ver minha solidão"
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"O amor é uma guerra, se você sai dele sem nenhuma cicatriz, não foi um bom soldado..."
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"O que eu gosto em estar só, é o fato de que os outros não poderão ver minha solidão"
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"Se a pessoa que eu amo, resolvesse me amar na mesma intensidade que eu a amo, era preciso que eu fosse ela e ela fosse eu."
"A amizade que se mendiga, resultará em migalhas e será só isso que se pode esperar, migalhas, esmola e desprezo..."
"Ela existe e eu amo sua existência, daí querer também sua presença, seria presunção demais para um poeta."
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"Não adianta, só sei amar assim, com todos os órgãos, os membros e toda intensidade... sou um amante visceral"
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"Dentro de mim está a resposta, mas dentro de mim há também o universo, o universo já achei, agora falta a resposta."
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"Não, você não precisa me amar de volta, apenas respeite e considere meu amor e meu carinho, o resto, a poesia resolve"
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domingo, 14 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Oaristo
Olho no olho e palavras tão vazias, lá estão eles, na praça, olhando o balé das águas ao som de "Tico tico no fubá" enquanto o sol se põe desfarçadamente, como se a noite lhe fosse uma vergonhosa inimiga que sempre lhe vence ao cair das horas...
Imagino as palavras que o casal, que indiferente à minha curiosidade, trocam entre si, e se esforçam para impressionarem-se mutuamente.
Parece amor, visto de longe, com olhos poéticos e apaixonados, parece amor, se amor existisse como se diz por aí os mais cultos enquanto só os incautos teimam em assumi-lo publicamente.
De longe não me parecem poetas, leitores ou sábios, parecem simplesmente apaixonados e isso parece bastar, a fim de que as palavras soem de forma sincera e aparentemente eterna.
Mas não sabem que isso tudo não passa de uma ilusão que vai desembocar na mais triste e fria solidão, olhos marejados, mãos trêmulas e palavras que nem sabiam possuir.
Ah... a ilusão de hoje é a mágoa de amanhã.
Imagino as palavras que o casal, que indiferente à minha curiosidade, trocam entre si, e se esforçam para impressionarem-se mutuamente.
Parece amor, visto de longe, com olhos poéticos e apaixonados, parece amor, se amor existisse como se diz por aí os mais cultos enquanto só os incautos teimam em assumi-lo publicamente.
De longe não me parecem poetas, leitores ou sábios, parecem simplesmente apaixonados e isso parece bastar, a fim de que as palavras soem de forma sincera e aparentemente eterna.
Mas não sabem que isso tudo não passa de uma ilusão que vai desembocar na mais triste e fria solidão, olhos marejados, mãos trêmulas e palavras que nem sabiam possuir.
Ah... a ilusão de hoje é a mágoa de amanhã.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
A pele na pele.
Em euclides da Cunha, na praça, seis da tarde, hora morta, Ave Maria de Bach me ajuda a descansar do caminho que se abriu a 42 anos e que me parece pesado.
As pessoas que amo me deixam subitamente e se encarregam de colocar pedras pontiagudas nesse caminhar que espero tenha termo antes de chegar aos 50.
Eu sinto a pele implorar por mais pele, por mais toque, mais carinho e isso é piegas e me transformo no fantasma de mim mesmo.
Não há esperanças e isso me tranqüiliza de forma estranha, pois essa idéia de esperanças é tão obsoleta quanto irreal, sem falar que uma expectativa futura não sana essa dor de agora.
Não, eu não quero que ela volte, quero que ela não tenha ido...
Não, eu não quero que ela se arrependa de ter magoado, quero que ela não tenha feito algo para que chegássemos a esse ponto.
Eu sei as respostas, sou bom nisso, sei as decisões que devo tomar e qual atalho a seguir, porém fico impassível, sobre a pedra fria, esperando não sei o quê.
Euclides da Cunha, me parece um grande lago sem peixes, onde à sua margem eu me sento com uma vara de pescar, fico esperando, esperando que me venha uma resposta, que nunca chega, mas me dá a sensação de que o tempo não passa em vão, vai passando, mudando lentamente o foco, de forma degradê o colorido vai assumindo formas coloridas.
Minha pele vai se tornando única de novo, sem a pele dela...
As pessoas que amo me deixam subitamente e se encarregam de colocar pedras pontiagudas nesse caminhar que espero tenha termo antes de chegar aos 50.
Eu sinto a pele implorar por mais pele, por mais toque, mais carinho e isso é piegas e me transformo no fantasma de mim mesmo.
Não há esperanças e isso me tranqüiliza de forma estranha, pois essa idéia de esperanças é tão obsoleta quanto irreal, sem falar que uma expectativa futura não sana essa dor de agora.
Não, eu não quero que ela volte, quero que ela não tenha ido...
Não, eu não quero que ela se arrependa de ter magoado, quero que ela não tenha feito algo para que chegássemos a esse ponto.
Eu sei as respostas, sou bom nisso, sei as decisões que devo tomar e qual atalho a seguir, porém fico impassível, sobre a pedra fria, esperando não sei o quê.
Euclides da Cunha, me parece um grande lago sem peixes, onde à sua margem eu me sento com uma vara de pescar, fico esperando, esperando que me venha uma resposta, que nunca chega, mas me dá a sensação de que o tempo não passa em vão, vai passando, mudando lentamente o foco, de forma degradê o colorido vai assumindo formas coloridas.
Minha pele vai se tornando única de novo, sem a pele dela...
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Medos
Existem medos em mim, porém um me arrepia a alma, é o medo de sair e estar esquecendo alguma coisa.
Medo de estar esquecendo um coração quebrado, um momento memorável ou um cd do Louis.
Tenho medo de não ter dito a palavra certa ou a frase completa e audível.
De não ter afagado os cabelos como deveria, ou dito um adeus tão convincente que até eu seria capaz de nele acreditar.
Tenho medo de sair levando o vazio que nos dá, quando entramos em nós mesmos e não sabemos que direção interna temos que seguir.
Sei que peguei minhas frases feitas, meu artigos de efeito, meu cérebro enferrujado e estou saindo.
Saio, não porque quero, ou acho divertido sair, mas a porta se abriu por uma força desconhecida e não sei porque mas à la "O Anjo Vingador" às avessas, tenho que partir.
Meu medo? deixar alguns trapos do coração e ter que voltar...
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Baixando Pontes
Eu baixo pontes, para que passem sobre a vala onde se escondem crocodilos.
Dá muito trabalho baixar essa ponte, preciso me ajoelhar, baixar a cabeça e engolir tantas coisas que nem quero pensar.
Sobre essa ponte segura passam e entram em mim, e juntos comigo ceiam, dormem, crescem e se alimentam de todas as formas.
E se vão.
Sem um adeus! sem uma explicação, sem um agradecimento!
Apenas pegam suas cobertas e travesseiros.
E se vão.
E eu permaneço de mãos calejadas, joelhos sangrando e cabeça baixa, engolindo a ingratidão que me arranha a garganta.
Eis que ao longe avisto, mais uma andarilha, sem rumo, perdida, sem amores e sem vida nos olhos, devo correr agora, dará muito trabalho baixar essa ponte, para que passe sobre a vala, onde se escondem crocodilos.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Ser feliz
Assim eu ia engolindo os meus e o "nãos" dos outros, para ser feliz, porque na minha concepção ver os outros felizes era meio caminho para que eu também o fosse...
Fui escondendo de mim as crueldades que faziam contra mim, como se não entendesse.
E minha felicidade era tão vazia que eu não conseguia compreender, estava sempre nas mãos ou nos lábios de alguém.
É certo que ainda não sei como fazer, como agir, mas certamente, me permitindo, crescerei e poderei notar que ela pode estar em qualquer lugar.
Não esperarei ser feliz para sorrir, vou sorrir e quem sabe assim serei feliz...
Video: Katy Perry - Firework
Fogo de Artifício
Você já se sentiu como um saco plástico
Flutuando pelo vento
Querendo começar de novo?
Você já se sentiu frágil
Como um castelo de cartas
A um sopro de desmoronar?
Você já se sentiu enterrado
Gritando sob sete palmos
Mas ninguém parece ouvir nada?
Você sabe que ainda há uma chance para você?
Porque há uma faísca em você
Você só tem que acendê-la
E deixá-la brilhar
Apenas domine a noite
Como 4 de julho
Porque baby, você é um fogo de artifício
Vá em frente, mostre o que você vale
Faça-os fazer "oh, oh, oh"
Enquanto você é atirado pelo céu
Baby, você é um fogo de artifício
Vamos, deixe suas cores explodirem
Faça-os fazer "oh oh oh"
Você vai deixá-los todos surpresos
Você não tem que se sentir como um desperdício de espaço
Você é original, não pode ser substituído
Se você soubesse o que o futuro guarda
Depois de um furacão vem um arco-íris
Talvez a razão pela qual todas as portas estejam fechadas
É que você possa abrir uma que te leve para a estrada perfeita
Como um relâmpago, seu coração vai brilhar
E quando chegar a hora, você saberá
Você só tem que acender a luz
E deixá-la brilhar
Apenas domine a noite
Como o dia 4 de julho
Porque baby, você é um fogo de artifício
Vá em frente, mostre o que você vale
Faça-os fazer "oh, oh, oh"
Enquanto você é atirado pelo céu
Baby, você é um fogo de artifício
Vamos, deixe suas cores explodirem
Faça-os fazer "oh oh oh"
Você vai deixá-los todos surpresos
Boom, boom, boom
Mais brilhante que a lua, lua, lua
Sempre esteve dentro de você, você, você
E agora é hora de deixá-lo sair
Porque baby, você é um fogo de artifício
Vá em frente, mostre o que você vale
Faça-os fazer "oh, oh, oh"
Enquanto você é atirado pelo céu
Baby, você é um fogo de artifício
Vamos, deixe suas cores explodirem
Faça-os fazer "oh oh oh"
Você vai deixá-los todos surpresos
Boom, boom, boom
Mais brilhante que a lua, lua, lua
Boom, boom, boom
Mais brilhante que a lua, lua, lua
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Dedicatória
Andei muito, por caminhos que você jamais andará, vivi histórias que jamais te contarei e que jamais chegarão aos seus ouvidos... Já fiz canções que não me lembro como eram, mas eu cantava criando sons, rimas... usando palavras soltas e algumas até faziam sentido. Fui amado, abraçado, beijado, respeitado por muitas pessoas. Gente de longe ouviu falar de mim, da minha letra, da minha forma de amar as pessoas e de abraçar.
Beijei muitas mulheres, afaguei cabelos, desvirginei algumas, toquei em mãos que tremiam ao toque da minha, vi milhares de seios sob minhas mãos, corpos nus sobre o meu.
Mulheres de verdade me fizeram sentir coisas indecifráveis com os lábios, com os olhos, com todo o corpo.
Amigas, primas, conhecidas, desconhecidas, entraram em minha história aos montes, de cada uma aprendi um pouco, amei algumas, desejei todas na mesma intensidade...
Umas usavam meias, outras longos vestidos e cabelos soltos ao vento. Algumas cantavam na igreja, outras recitavam Myrtes Matias com emoção nos olhos...
Hoje algumas pessoas me olham, me admiram, me questionam, me procuram e se espelham em mim.
E eu ainda sou o mesmo, tenho os mesmos olhos, os mesmos lábios e a mesma fome, a mesma sede de amar quem estiver a minha frente.
Escrevo versos como quem manda um bilhete ao padeiro, na facilidade que a familiaridade da letra se expõe para mim.
Sei expressar a dor como se fora um cão numa corrente, porque sei que esse grito me libertará de algo ainda pior que estar por vir.
Sou tudo isso e muito mais... e na cadência dos anos que me restam, na história que se resume sob minha beleza e minha calvicie eu escolhi você para ser o amor de minha velhice, a minha sulamita a me esquentar nos dias frios e a me acalmar quando a guerra começar.
É uma honra que te entrego, ser amada por mim, que tão bem sei apreciar as diferenças e perdoar as mentiras, entender as cleptomanias e as infantilidades...
Entrego a você esse meu coração, que não está cansado de amar e nunca se cansará e que porá ordem na sua casa interna.
Caso não queira esse amor me informe em gestos, saia devagar, leve as coisas, me olhe com desprezo e não me digas palavra alguma, que saberei que tudo que te dou ainda é pouco, e que a honra de por mim ser amada, não cabe na futilidade de seu mundo vazio.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Amante!
Não adianta, não sei amar passivamente, sem usar todo meu coração.
Não sei amar sem os olhos, a boca, os ouvidos, só sei amar assim, de forma intensa, presencial, canibalescamente.
Só sei amar usando todos os ógãos internos e externos, fazendo versos, comprando flores, gritando a todos que o amor rompe minha veias...
Só sei amar assim, deitando e acordando pensando nela, e nesse meio tempo sonhanhdo com cada parte de sua boca macia e seus seios delicados.
Não sei amar via Oi, Tim, Claro, Vivo, orkut, msn ou outro meio...
Amo pelo cheiro de seus cabelos sobre minha cama,
sobre suas pernas abertas e seu corpo doado a mim
Amo me torturando, me odiando, me entregando e indagando,
cantando, assoviando e relampejando em trovoadas eternas...
Amo queimando por dentro e por fora
pelos poros, unhas, pêlos...
pelo sangue e pela água que há em mim
Não sei amar de outra forma.
Só sei amar usando as mãos...
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Amor versus Liberdade!
Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração!; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.
Haverá uma compatibilidade entre essas duas coisas? Há de se pensar.
No popular Liberdade é a não sujeição do "eu" a qualquer limitação que impeça a realização de meu desejos e vontades. Uma pessoa livre é aquela que faz o que quer, onde quer, com quem quer, quando quer e porque quer.
E quem ama valoriza mais o relacionamento com a pessoa amada do que a realização de suas vontades e desejos, amar é de certa forma abrir mão da liberdade...
É ilusão pensar no absolutismo da Liberdade, pois sabemos que ninguem faz sempre o que quer, onde quer, com quem quer, quando quer e porque quer, não é bem assim que a vida funciona.
Quem deseja ser livre sobre todas as circunstâncias e não quer abrir mão dessa liberdade não está pronto para amar nem ser amado, pois o amor não aceita essa individualidade egocêntrica, não há espaço para os dois no mesmo corpo.
Há de se fazer a escolha, encarar esse dilema de frente, e, não sou eu que vou te dizer qual a melhor opção, pois nem mesmo sei.
Entretanto é bom lembrar que a liberdade humana é relativa, está sujeita a diversos fatores que a impedem de ser vivida na sua totalidade (você não pode voar, andar sobre as águas, andar pela BR sem se cansar nem sentir fome e sede, a seu corpo não é permitido ser livre).
Você é livre para amar, essa é uma escolha voluntária, e, prá mim, é a maior prova de liberdade, ser livre da obsessão de uma pseudo-liberdade, para renunciar seu ego, suas fantasias, suas ilusões em nome das relações e do amor.
Terá que escolher ser livre para amar e nessa relação de amor encontrar nas limitações por ela exigida uma forma de exercer a liberdade que só o amor possui.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Vista a Dilma
Bem, uma pessoa que eu admiro muito não gostou da minha postagem Vista o Serra, então eu posto aqui o Vista a Dilma e estamos quites:
Clique na foto para ampliá-la, imprima, recorte, vista a candidata e ponha sobre a mesa para incomodar os amigos.
Pescado no Bacia das Almas
Pescado no Bacia das Almas
Deixai que eu morra!
Não me peça nada hoje,
que hoje não estou para dar,
nem conselhos, nem palavras, som algum...
Não me peça chuva, sol, sombra, areia, mar, praia...
nada tenho para dar hoje...
Não sou compreensivo, bom, amigo, ouvinte...
Não tenho ombros, colo, abraço...
Hoje não tenho olhos para ver as suas feridas
nem ouvidos para seu soluço...
Hoje eu não tenho lábios para beijos
nem estou disposto a sentir o cheiro de seus cabelos.
Não me peça nada hoje, minha amiga
que hoje eu serei somente meu
cravarei minhas garras em minha própria garganta
sorverei o gosto do sangue com as dores necessárias
capazes de me manter vivo, estranhamente vivo.
Hoje entrarei em mim de forma violenta
como que para extirpar as parvoíces que me envergonham
por isso, amiga, ouvirás de mim
apenas o ranger dos dentes.
(Amanhã estarei refeito
e farei mil versos para o que me angustia)
Mas hoje deixai que eu morra!
Por hoje deixai que eu morra!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Jogador Espanhol sofre ataque cardíaco em campo!
"O uso de um desfibrilador salvou a vida de Miguel García, meio-campista do Salamanca, clube da segunda divisão espanhola. O atleta sofreu uma parada cardíaca em campo durante partida de seu time contra o Betis e foi atendido ainda no gramado. De acordo com os médicos das equipes, as consequências do acidente poderiam ter sido piores se o atendimento não tivesse sido rápido."
Veja as imagens:
Fonte: Ig.com.br
Isso me fez pensar sobre como rápida podem ser as coisas em nossa vida, num momento estamos alegres, esperançosos e em outros, muito próximos estamos tristes e as lágrimas teimam em rolar...
Bons momentos quase sempre dependem da gente, dependem da forma como vamos encarar as coisas, da leveza de nossas ações, dos nossos gestos, das nossas palavras...
Quase sempre esquecemos que somos nada, somos folha levada ao vento, mas mesmo assim deixamos a vida escapar por entre os dedos.
Vamos viver cada momento, aproveitar os risos que somos capazes de produzir nas pessoas que amamos.
domingo, 24 de outubro de 2010
Escolha!
Escolhi amar, respeitar, considerar, por mais que isso pareça ultrapassado, fora de moda, você sabe coisa de gente velha...
O caminho do amor, por mais que isso me cause enormes dores, decepções e angustias, foi ele que eu escolhi trilhar, isso me força a perdoar, a apreciar enormes goles de silêncio ainda que as palavras arranhem minha garganta...
O caminho de amar de verdade escolho e que por ele eu ande todos os meus momentos, mesmo que isso me torne uma pessoa indecifrável ( como é o próprio caminho).
Por certo algumas vezes, por ter escolhido esse caminho, precise me envolver em momentos de solidão, de incompreensão, de desprezo, que faz parte do caminhar, faz parte dos sangramentos pessoais, e, quem escolheu viver assim, sabe do que estou falando.
Já entrei nesse vale inúmeras vezes, estou entrando de novo...
Me parece incoerência que esse caminho sempre me traga a esse vale escuro, se faz parte ou não de qualquer espécie de crescimento ainda não descobri...
Não aconselho ninguém a optar por esse caminho, pois há cruzes e coroas de espinho sempre, sempre no final de quem escolheu amar incondicionalmente.
Mas assim que meu tempo no vale terminar, escolherei esse caminho outra vez, que de outra forma nunca saberia viver... nunca!
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