terça-feira, 26 de outubro de 2010

Deixai que eu morra!


Não me peça nada hoje,
que hoje não estou para dar,
nem conselhos, nem palavras, som algum...
Não me peça chuva, sol, sombra, areia, mar, praia...
nada tenho para dar hoje...
Não sou compreensivo, bom, amigo, ouvinte...
Não tenho ombros, colo, abraço...
Hoje não tenho olhos para ver as suas feridas
nem ouvidos para seu soluço...
Hoje eu não tenho lábios para beijos
nem estou disposto a sentir o cheiro de seus cabelos.
Não me peça nada hoje, minha amiga
que hoje eu serei somente meu
cravarei minhas garras em minha própria garganta
sorverei o gosto do sangue com as dores necessárias
capazes de me manter vivo, estranhamente vivo.
Hoje entrarei em mim de forma violenta
como que para extirpar as parvoíces que me envergonham
por isso, amiga, ouvirás de mim
apenas o ranger dos dentes.

(Amanhã estarei refeito
e farei mil versos para o que me angustia)

Mas hoje deixai que eu morra!
Por hoje deixai que eu morra!

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