Amar tem me feito mal.
Tem me trazido consequencias inexplicáeis dentro de um ponto de vista de sobrevivência mesmo.
Para mim amar sempre foi aquele lance de entrega, de desapego, de valorização do outro em detrimento de mim mesmo.
É desse amor imbecil que eu falo (haverá outro... sei que há, porém como sempre me pareceu meio esquisito me amar mais do que ao outro, resolvi não seguir essa racional forma de amar), do amor da auto-negação, da desentrega à si próprio e de tirar a capa em tempo de frio para aquela que te surpreende quando anos mais tarde ironiza de seu amor, e de como dividira a capa com outro.
Falo desse amor demente, descrente da má fé alheia, esse amor que consome, inverte as coisas, confunde, maltrata e machuca como se fosse uma manga madura, caindo de uma altura enorme, lá vai ela, curtindo o sabor amarelo da queda e ao espatifar-se no chão se vê impotente para adocicar a vida de quem quer que seja.
Não falo aqui do amor do apóstolo Paulo ou da absoluta falta de explicação dos Montechios e Capuletos, desse amor eu não falo, pois que mesmo que pareça ser renúncia, não significa nada, a não ser a busca de satisfazer seu próprio capricho existencial.
Mas o amor que me enche as veias e o sulco do rosto, é tão incompreensível para os outros que parece não existir, e mesmo depois da traição, do desprezo, da injustiça teima em continuar existindo de forma patológica...
É isso meus querido, isso que chamo de amor cansa, destrói, dói, definha e se faz carrasco.
Mata-me como se eu fosse hospedeiro de um parasita frio e cruel.
Isso tem começado a me fazer mal.
(Sempre achei que isso é coisa de poeta, que todos amam da mesma forma, e os mais idiotas escrevem sobre isso).
Preciso odiar um pouco, por questão de sobrevivência, arranjar um inimigo ali, ou desafeto aqui, falar coisas para tentar destruir alguem, sair dessa condição de amador.
Para se dar bem na vida é preciso ser profissional. Sair de baixo do pé dos que te odeiam (e que por causa de alguma coisa, sabe-se lá Deus porque, você os ama...), dobrar o pé, derrubar no pó, chutar a cara, cuspir e dizer o quanto estar sob os pés de quem quer que seja é indigno.
Pois na primeira oportunidade, sempre haverá quem queira sentir o gosto de pisar em você, e aí é só ele descobrir que você o ama e pronto, transformou-se em um belo tapete.
É isso, Drummond já dizia que "amar se aprende amando...", talvez eu nunca vá aprender, são tantos anos e cheguei a conclusão que sempre fui usado na minha maneira de amar.
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