Dias viajando pelo sertão, conhecendo gente, desbravando estradas, numa perspectiva de estar trilhando algo bom e novo.
Há tempos que as coisas não pareciam acontecer, tudo dava errado, de repente surge uma oportunidade e você sente que ainda existe uma janela do céu aberta para você e resolve voltar a acreditar nas coisas.
Mas uma coisa abalou a gente esses dia, quando Wellington Oliveira entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, na rua General Bernardino, em Realengo, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro e, com dois revólveres, entrou nas salas de aula e atirou na direção de crianças. Doze morreram e dez continuam internadas.
Não precisa ser pai ou mãe para se sentir chocado e comovido. Nunca gostei de postar nada aqui sobre notícias desse tipo para não parecer piegas ou apenas mais uma voz contra algo que esteja na mídia, mas vou deixar aqui um poema do Tasso da Silveira, poeta que dá nome a escola, local da covardia de uma mente doentia.
FRONTEIRA
Há o silêncio das estradas
e o silêncio das estrelas
e um canto de ave, tão branco,
tão branco, que se diria
também ser puro silêncio.
Não vem mensagem do vento,
nem ressonâncias longínquas
de passos passando em vão.
Há um porto de águas paradas
e um barco tão solitário,
que se esqueceu de existir.
Há uma lembrança do mundo
mas tão distante e suspensa...
Há uma saudade da vida
porém tão perdida e vaga,
e há a espera, a infinita espera,
a espera quase presença
da mão de puro mistério
que tomará minha mão
e me levará sonhando
para além deste silêncio,
para além desta aflição.
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