quinta-feira, 26 de abril de 2012
O mistério
Que mistério é esse
De sentir falta do que nunca tivemos
De ter nas mãos o que nos escapou
Por entre os dedos à revelia?
Que amargo mistério nos envolve
Ante a densa escuridão da noite
Nos trazendo à memória como se quente fossem
Os braços que de tão frios se foram
Que longo mistério faz a noite
Pelos mesmos ponteiros do relógio
Tic-taqueando a horrenda sinfonia
Que antes tinha acordes de ninar...
Que trágico mistério
Lembrar como se bom tivera sido
A lágrima e a dor que se fez
Nos momentos que a noite tenta nos enganar
Que mistério é esse
De pensar que era perfeito
O que nunca o foi, nem jamais seria
As mãos, os dedos, o braço
De mármores a nos desejar a morte
Que mistério é esse
De sentir falta da música que jamais ouvimos?
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