quarta-feira, 26 de junho de 2013
Minha Manifestação!
Vamos sair as ruas negada, vamos sim, vamos levantar
nossa voz contra corrupção, contra os desmandos na saúda, na educação,
transporte escolar e o mau uso dos recursos públicos...
Recursos Públicos? Isso! Vamos reclamar do mau uso do
dinheiro Público...
A festa de Carnaval de 2013 custou R$ 172,3 milhões
aos cofres públicos das 26 capitais e do governo do Distrito Federal, segundo levantamento
feito pelo UOL.
O valor inclui os gastos com infraestrutura, cachês de
artistas, festas, publicidade, pagamentos extras a servidores e transferências
a agremiações e blocos. Aracaju foi a única prefeitura que não informou gastos
ou estimativas.
O dinheiro investido equivale, por exemplo, a um conjunto
habitacional do "Minha Casa, Minha Vida 2" com 3.122 casas (cada
unidade tem valor definido pelo governo federal de R$ 55.188).
Somente nos quatro principais polos de folia --Rio de
Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador-- as prefeituras têm previsão de gastar
R$ 130,9 milhões, valor que representa 76% dos gastos totais.
Ranking de gastos com o Carnaval entre as capitais
Localidade
|
Valor
em R$
|
Rio de Janeiro
|
35 milhões
|
São Paulo
|
33,9 milhões
|
Recife*
|
32 milhões
|
Salvador*
|
30 milhões
|
Vitória
|
10 milhões
|
Distrito Federal
|
7 milhões
|
Porto Alegre
|
6 milhões
|
Belo Horizonte
|
3,5 milhões
|
Fortaleza
|
3,5 milhões
|
Manaus
|
3,1 milhões
|
João Pessoa
|
2,1 milhões
|
Belém
|
2 milhões
|
Florianópolis
|
1,8 milhão
|
Curitiba
|
540 mil
|
Campo Grande
|
500 mil
|
Natal
|
500 mil
|
Teresina
|
400 mil
|
Cuiabá
|
350 mil
|
Macapá
|
100 mil
|
Rio Branco
|
100 mil
|
Boa Vista
|
zero
|
Goiânia
|
zero
|
Maceió
|
zero
|
Palmas
|
zero
|
Porto Velho
|
zero
|
São Luís
|
zero
|
Aracaju
|
Não informou
|
BAHIA:
De acordo com o Secretário da Segurança Pública (SSP), Maurício Barbosa, o carnaval resultou aumento de alguns índices de registros de ocorrências policiais. O número de pessoas conduzidas para unidades policiais foi de 856, um acréscimo de 150,3% comparado à folia em 2012, que registrou 342 conduções. O número de prisões em flagrante nos três circuitos da folia foi de 144, um aumento de 94,6% comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram efetuadas 74.
A polícia ainda conduziu 323 pessoas às unidades policiais por uso e tráfico de drogas, um aumento de 115,3% comparado ao ano passado, quando 150 foliões foram flagrados consumindo ou vendendo drogas. E um aumento de 52,9% (26 em 2013 e 17 no ano passado), em relação a apreensão de armas de fogo e branca.
Foram lavrados
483 termos circunstanciados de ocorrência para quem
cometeu crimes de menor potencial ofensivo. O aumento foi
de 90,2%, já que em 2012 foram
computados 254 TCOs.
Um homicídio foi computado, assim como no ano passado. As tentativas de homicídio também ficaram estáveis com cinco registros neste ano e a mesma quantidade em 2012. A polícia registrou ainda uma lesão corporal seguida de morte, ocorrida na madrugada de domingo (10), no circuito Dodô.
Um homicídio foi computado, assim como no ano passado. As tentativas de homicídio também ficaram estáveis com cinco registros neste ano e a mesma quantidade em 2012. A polícia registrou ainda uma lesão corporal seguida de morte, ocorrida na madrugada de domingo (10), no circuito Dodô.
Já o índice
de lesão corporal teve um aumento de 10%, com 220 registros em 2013, contra 200 no ano passado. Foram
contabilizados 121
no circuito Osmar, 97 ocorrências no percurso Barra/Ondina e apenas dois
casos no Centro Histórico (Batatinha).
No quesito
roubo (crime cometido com uso de violência)
houve o aumento de apenas
1%, com 94 registros este ano, contra 93 em 2012. No circuito Osmar
(Centro) foram 20 roubos, 71 entre a Barra
e Ondina e três casos no circuito
Batatinha (Centro Histórico). Os furtos
subiram 15,3%, sendo 829 casos em 2013, contra 719 no ano passado.
No Centro foram 104 casos, 717 no circuito Dodô
(Barra/Ondina) e oito
registros no Centro Histórico.
Durante
o período da festa foram
realizadas 521 conduções a delegacias e sete adolescentes
apreendidos, 115 armas brancas e três
armas de fogo apreendidas.
Ao todo, foram
registradas 24 ocorrências, envolvendo uso ou
porte de droga.
Quantas pessoas foram roubadas, presas, detidas ou morta
na Copa das Confederações?
Bem, eu fui roubado em Salvador e não faço parte dessa
estatísticas, também não quero fazer apologia a nada. Se eu for nas ruas vou
dizer não às festas de São João bancadas com o recurso público, e ao carnaval
também. Afinal de contas, o mau uso do dinheiro público é um dos maiores
problemas desse país, apenas mais um!
Tenho dito.
Sem Comentários
Como de costume muita gente não viu e não gostou!
Vão continuar falando sem entender, na minha vida pessoal estou acostumado a passar por isso, falam de mim sem me conhecer! Então, prá mim tá de boa, no mais, se você não for preguiçoso nem preconceituoso poderá ver esse vídeo, não concordar, mas pelo menos vai aprender um pouco mais sobre o assunto, antes mesmo de sair na rua falando besteiras!
Tortura de Policiais
Veja o vídeo e dê sua opinião:
Um vídeo postado no You Tube mostra a imagem de um policial militar fardado torturando duas pessoas na cidade de Candeias, a 46 quilômetros de Salvador, na região metropolitana.
Na imagem, com pouco mais de um minuto de duração e feita por outro militar, é possível ver um homem de boné e uma mulher despida dentro de um barraco. Eles são obrigados e colocar as mãos para que o policial, com um pedaço de madeira, agrida os dois. A jovem se contorce de dor, enquanto o homem observa assustado. Ele também termina recebendo pauladas nas mãos.
O local parece ter sido revirado e após a sessão de tortura o homem termina sendo liberado, mas a mulher permanece com os policiais. Ela questiona o motivo para ser mantida em poder dos militares e o vídeo termina. A imagem foi postada no último dia 21 de junho, mas não é possível saber a data do ocorrido
Um vídeo postado no You Tube mostra a imagem de um policial militar fardado torturando duas pessoas na cidade de Candeias, a 46 quilômetros de Salvador, na região metropolitana.
Na imagem, com pouco mais de um minuto de duração e feita por outro militar, é possível ver um homem de boné e uma mulher despida dentro de um barraco. Eles são obrigados e colocar as mãos para que o policial, com um pedaço de madeira, agrida os dois. A jovem se contorce de dor, enquanto o homem observa assustado. Ele também termina recebendo pauladas nas mãos.
O local parece ter sido revirado e após a sessão de tortura o homem termina sendo liberado, mas a mulher permanece com os policiais. Ela questiona o motivo para ser mantida em poder dos militares e o vídeo termina. A imagem foi postada no último dia 21 de junho, mas não é possível saber a data do ocorrido
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Cura Gay? (Se informe antes de sair falando!)
Nem tudo se resume à minoria na rua. Há outros assuntos em pauta no país. O blog recebeu ontem quase 300 mil visitas. É provável que alguns novos leitores acabem tomando gosto pela página. Nem todos conhecem os debates travados aqui. Pois bem: nos jornais desta quarta, vocês encontrarão o que já está nos sites e portais. Algo mais ou menos assim: “Comissão de Feliciano aprova projeto da cura gay”. É mentira dupla! Em primeiro lugar, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara não pertence ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Em segundo lugar, não existe projeto que prevê a cura gay. Isso é uma fantasia do jornalismo militante. Semelhante àquela que sustenta que o Estatuto do Nascituro é “Bolsa Estupro”. Tenho 51 anos. Quando eu tinha 20 e poucos, 30 e poucos e, acreditem, até 40 e poucos, era proibido fazer militância política em redação. Cada um que tivesse as suas convicções, mas o compromisso tinha de ser com o fato, segundo valores, a saber: defesa da democracia, do estado de direito, da economia de mercado. Era proibido, por exemplo, mentir , simplificar ou trapacear em nome do bem da humanidade. Jornalista reporta o que vê — e alguns opinam. Mas sem inventar o que não existe num caso ou noutro.
Ao fato mais recente: a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara aprovou um Projeto de Decreto Legislativo, do deputado João Campos (PSDB-GO), que susta dois trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia. O texto ainda tem de passar pelas comissões de Seguridade Social e de Constituição e Justiça. Se alguém não conhece detalhes do debate — geralmente ignorados porque fica mais fácil fazer proselitismo onde há ignorância, especialmente a bem intencionada — explico tudo abaixo, nos mínimos detalhes,conforme fiz, por exemplo, no dia 2 de maio. Vamos ver.
O Projeto de Decreto Legislativo 234/11 torna sem efeito o trecho do Artigo 3º e todo o Artigo 4º da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia.
Então vamos aos documentos. A íntegra do Projeto de Decreto Legislativo estáaqui, com a justificativa. Reproduzo a parte propositiva em azul.
Art. 1º Este Decreto Legislativo susta o parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999.
Art. 2º Fica sustada a aplicação do Parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.
Art. 3º Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 2º Fica sustada a aplicação do Parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.
Art. 3º Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
Então é preciso fazer o que virou raridade nas redações quando os lobbies “do bem” ditam a pauta; saber, afinal, que diabo dizem os trechos que seriam sustados.
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Comento
Atenção! A proposta de Decreto Legislativo não toca no caput do Artigo 3º. Ele seria mantido intocado. Como deixa claro o projeto do deputado, seriam suprimidos apenas o Parágrafo Único do Artigo 3º e o Artigo 4º. Como se nota, ao suprimir esses dois trechos da Resolução 1/99, o Projeto de Decreto Legislativo não passa a tratar a homossexualidade como uma doença. É mentira! Também não autoriza a “cura gay”. É outra mentira! São distorções absurdas!
Atenção! A proposta de Decreto Legislativo não toca no caput do Artigo 3º. Ele seria mantido intocado. Como deixa claro o projeto do deputado, seriam suprimidos apenas o Parágrafo Único do Artigo 3º e o Artigo 4º. Como se nota, ao suprimir esses dois trechos da Resolução 1/99, o Projeto de Decreto Legislativo não passa a tratar a homossexualidade como uma doença. É mentira! Também não autoriza a “cura gay”. É outra mentira! São distorções absurdas!
Fato, não militância
Procederei a algumas considerações prévias, até que chegue ao cerne da questão. Avalio que a homossexualidade não tem cura pela simples razão de que não a considero uma doença. E nisso concordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) e com o Conselho Federal de Psicologia. Assim, não acredito em terapias que possam converter héteros em gays ou gays em héteros (não se tem notícia de que alguém tenha buscado tal conversão). Mais: sexualidade não é uma opção — se fosse, a esmagadora maioria escolheria o caminho da maior aceitação social, e, nessa hipótese, as escolhas poderiam até ir mudando ao longo do tempo, à medida que determinadas práticas passassem a ser mais aceitas ou menos.
Procederei a algumas considerações prévias, até que chegue ao cerne da questão. Avalio que a homossexualidade não tem cura pela simples razão de que não a considero uma doença. E nisso concordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) e com o Conselho Federal de Psicologia. Assim, não acredito em terapias que possam converter héteros em gays ou gays em héteros (não se tem notícia de que alguém tenha buscado tal conversão). Mais: sexualidade não é uma opção — se fosse, a esmagadora maioria escolheria o caminho da maior aceitação social, e, nessa hipótese, as escolhas poderiam até ir mudando ao longo do tempo, à medida que determinadas práticas passassem a ser mais aceitas ou menos.
Há quem só goste de um brinquedo; há quem só goste do outro; e há quem goste dos dois. Essa minha opinião não é nova — o arquivo está aí. Os espadachins da reputação alheia, como escreveu Balzac, fazem questão de ignorá-la porque gostam de inventar inimigos imaginários para posar de mártires. Muito bem. Até aqui, não haveria por que os gays — ou o que chamo “sindicalismo gay” — estrilar. Mas é evidente que não pensamos a mesma coisa. Entre outras divergências, está o tal PLC 122 que criminaliza a chamada “homofobia”. Trata-se de um delírio autoritário. Já escrevi muito a respeito e não entrarei em detalhes agora para não desviar o foco.
Vamos lá. Desde 22 de março de 1999, está em vigência a tal Resolução 1 (íntegra aqui), que cria óbices à atuação de psicólogos na relação com pacientes gays. Traz uma porção de “considerandos”, com os quais concordo (em azul), e depois as resoluções propriamente. Listo os ditos-cujos:
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade;
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade;
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações
Aí vem o conteúdo da resolução. O caput do Artigo 3º, com o qual ninguém mexe, é correto. Reproduzo:
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Está claro, então, que os psicólogos não atuarão para favorecer a patologização da homossexualidade nem efetuarão tratamentos coercitivos. E a parte que cairia? Pois é…Transcrevo outra vez (em vermelho e em destaque):
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Está claro, então, que os psicólogos não atuarão para favorecer a patologização da homossexualidade nem efetuarão tratamentos coercitivos. E a parte que cairia? Pois é…Transcrevo outra vez (em vermelho e em destaque):
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Têm de cair mesmo!
Qual é o principal problema desses óbices? Cria-se um “padrão” não definido na relação entre o psicólogo e a homossexualidade. Esses dois trechos são tão estupidamente subjetivos que se torna possível enquadrar um profissional — e puni-lo — com base no simples achismo, na mera opinião de um eventual adversário. Abrem-se as portas para a caça às bruxas. Digam-me cá: um psicólogo que resolvesse, sei lá, recomendar a abstinência sexual a um compulsivo (homo ou hétero) como forma de livrá-lo da infelicidade — já que as compulsões, segundo sei, tornam infelizes as pessoas —, poderia ou não ser enquadrado nesse texto? Um adversário intelectual não poderia acusá-lo de estar propondo “a cura”? Podemos ir mais longe: não se conhecem — ou o Conselho Federal já descobriu e não contou pra ninguém? — as causas da homossexualidade. Se um profissional chega a uma determinada terapia que homossexuais, voluntariamente, queiram experimentar, será o conselho a impedir? Com base em que evidência científica?
Há uma diferença entre “verdade” e “consenso da maioria influente”. Ademais, parece-me evidente que proibir um profissional de emitir uma opinião valorativa constitui uma óbvia infração constitucional. Questões ligadas a comportamento não são um teorema de Pitágoras. Quem é que tem o “a²= b²+c²” da homossexualidade? A resolução é obviamente autoritária e própria de um tempo em que se impõe a censura em nome do bem.
Ora, imaginem se um conselho de “físicos” ousaria impedir os cientistas de tentar contestar a relatividade. O que vai ali não é postura científica, mas ideologia. Se conceitos com sólida reputação de verdade, testados empiricamente, podem ser submetidos a um teste de estresse intelectual, por que não considerações que dizem respeito a valores humanos? Tenham paciência! O fato de eu não endossar determinadas hipóteses ou especulações não me dá o direito de proibir quem queira fazê-lo.
Fiz uma pesquisa antes de escrever esse texto. Não encontrei evidências de resolução parecida em nenhum lugar do mundo. O governo da Califórnia, nos EUA, proibiu a terapia forçada de “cura” da homossexualidade em adolescentes. É coisa muito diferente do que fez o conselho no Brasil. Países que prezam a liberdade de expressão e que não querem usar o discurso da liberdade para solapar a própria liberdade não se dão a desfrutes dessa natureza.
Então vamos lá. Eu não estou defendendo terapias de cura da homossexualidade. Eu não acredito que haja cura para o que não vejo como doença. Também não acho que estamos no universo das escolhas. Dito isso, parece-me uma suma arrogância que um conselho profissional interfira nessa medida na atividade clínica dos profissionais e, atenção!, dos pacientes também! Assim, no mérito, não vejo nada de despropositado na proposta do deputado João Campos. Ao contrário: acho que ela derruba o que há de obviamente autoritário e, entendo, inconstitucional na resolução porque decidiu invadir também o território da liberdade de expressão, garantido pelo Artigo V da Constituição.
É preciso saber ler.
Proponho aqui um exercício aos meus colegas jornalistas. Imaginem um Conselho Federal de Jornalismo que emitisse a seguinte resolução, com poder para cassar o seu registro profissional:
“Os jornalistas não colaborarão com eventos e serviços que proponham qualquer forma de discriminação social”.
“Os jornalistas não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos contra pobres, negros, homossexuais, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, idosos, movimentos sociais e trabalhadores”
O idiota profissional diria: “Ah, está muito bem para mim! Eu não faria nada disso mesmo!”. Não, bobalhão, está tudo errado! Você se entregaria a uma “corte” de juízes que definiria, por sua própria conta, o que seria e o que não seria preconceito. Entendeu ou preciso pegar na mãozinha para ajudar a fazer o desenho? O problema daquele Parágrafo Único do Artigo 3º e do Artigo 4º é o subjetivismo. Ninguém pode ser obrigado, não numa democracia, a se submeter a um tribunal que pode dar a sentença máxima com base nos… próprios preconceitos.
Nem nos seus delírios mais autoritários ocorreria a um conselho profissional nos EUA, por exemplo, interferir dessa maneira na relação do psicólogo com o seu paciente. Uma coisa é afirmar, e está correto, que a homossexualidade não é doença; outra, distinta, é querer impedir que o profissional e quem o procura estabeleçam uma relação terapêutica que pode, sei lá, disciplinar um comportamento sexual sem que isso seja, necessariamente, uma “cura”.
Os tais trechos da resolução, entendo, são mesmo autoritários e inconstitucionais. E têm de cair. E o que parece, isto sim, não ter cura é a vocação de amplos setores da imprensa para a distorção. Cada vez mais, a notícia se transforma num instrumento para privilegiar “os bons” e satanizar “os maus”. Isso é militância política, não jornalismo.
Morte em Campo de Concentração (Cura Gay?)
O dono de um acampamento para cura de gays na África do Sul, Alex De Koker, 49, e seu empregado Michael Erasmus, 20, estão respondendo pela morte de três jovens e crime de tortura, abuso infantil e negligência. Eles coordenavam um centro de treinamento para jovens criado em 2006 com a promessa de transformar meninos em homens. Os jovens gays e afeminados eram obrigados a passar fome e comer as próprias fezes.
Após 10 meses no curso de treinamento no Echo Wild Game Rangers, instituição agora fechada e acusada de torturar jovens gays, Raymond Buys, 15 anos, (foto tirada em 2011), passou de um estado de saúde normal para a morte por desidratação e inanição. Seus pais pagaram cerca de R$5 mil, com a promessa que o jovem voltaria heterossexual para casa. Ao invés disso, além da magreza cadavérica, o jovem apresentava o braço quebrado em dois lugares, e também machucados e queimaduras pelo corpo. Internado em uma unidade de tratamento intensivo, depois de um mês, ele não resistiu.
O acampamento não era uma unidade de tratamento de homossexuais propriamente dita, mas a propaganda de entregar filhos mais homens era levada a sério pelo “general” De Koker. Rapazes com traços de feminilidade ou que não completassem as tarefas de trabalho forçado apanhavam e eram castigados. Assim foram relatados os horrores cometidos no local por outros rapazes que passaram pelo acampamento.
Tortura com máquinas de choque, espacamento com canos, varas e barras de ferro, proibição de ir ao banheiro à noite, para evitar encontros furtivos, eram a rotina dos jovens com traços homossexuais no local, e eles serviam de exemplo para os demais.
Eric Calitz, 18, e Nicolaas Van Der Walt, 19, foram as outras vítimas do campo de concentração particular de De Koker entre 2007 e 2011. Todas as três vítimas eram meninos delicados e que se encaixavam fora do perfil masculino considerado ideal pelo “general”. Pagaram com a vida a homofobia de pais e do instrutor. Os dois acusados alegam serem inocentes das mortes. Van Der Walt foi sufocado por um cinto e Calitz teve sangramento cerebral, apontaram os examespost mortem, em ambos os casos o Echo Wild afirmou que eles morreram de ataque cardíaco.
Pescado na Revista Lado A
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Vaquejada, onde animais torturam animais!
Índice
Introdução
O que é a vaquejada? E quais são suas regras básicas?
Um “esporte” pautado pela violência e pela escravidão
Considerações finais
Referências
O que é a vaquejada? E quais são suas regras básicas?
Um “esporte” pautado pela violência e pela escravidão
Considerações finais
Referências
Introdução
Ela ainda não é muito conhecida no restante do Brasil, mas é uma tradição muito popular no Nordeste, e se estende também a algumas cidades de outras regiões. “Valeu boi” é o bordão mais conhecido que se usa nela. Ainda mais óbvia do que no rodeio é a forma como o lado dos animais é desconsiderado, a exploração e agressão contra eles. Falo davaquejada, o segundo grande “esporte” de uso de animais no Brasil.
Este artigo pretende mostrar ao país o que está acontecendo em centenas de pistas-arenas da região Nordeste e, em menor frequência, de outras regiões, à revelia do olhar da maioria dos defensores animais. Os detalhes mais importantes – regras, violações éticas e violências explícitas – de um “esporte” que, assim como o rodeio, alterna violência contra animais na arena e música popular num palco adjacente mas, ao contrário daquele, permanece impune, desimpedido e com muito pouca oposição.
O que é a vaquejada? E quais são suas regras básicas?
A vaquejada é uma atividade recreativo-competitiva, considerada por seus admiradores um “esporte”, surgida no Nordeste, que consiste centralmente em fazer dois vaqueiros a cavalo perseguirem um boi, emparelhá-lo com os cavalos e conduzi-lo a uma área-objetivo, entre duas linhas paralelas de cal, onde o derrubam. A perseguição e derrubada se dá numa pista-arena de areia não tão fofa e não tão dura, tendo a área demarcada pelas faixas de cal 10 metros de comprimento.
Após a derrubada, um juiz arbitra sobre o resultado da derrubada do boi. Se este, enquanto tombava, ficou por um instante com as quatro patas voltadas para o céu, o juiz declara ao público “Valeu boi!”, sinal de que a dupla de vaqueiros ganhou pontos. Se o boi não jogou as patas para cima, ele declara “Zero boi!”, e a dupla não pontua. [1]
Cada evento dura três dias – sendo o primeiro o dia de reconhecimento da pista e treinamento – e envolve em média a concorrência de 400 duplas de vaqueiros. Cada dupla persegue e derruba três bois por dia, sendo explorados geralmente bois de tamanho e peso quase iguais para que a disputa entre as duplas não seja desigual. É dada premiação dos primeiros até os vigésimos colocados. [2] E envolve-se também muita música, com bandas de “forró eletrônico”, forró tradicional e também de outros estilos, como axé.
Um “esporte” pautado pela violência e pela escravidão
Não é sequer necessário ler laudos científicos ou denúncias de ONGs defensoras dos animais para saber que a vaquejada é essencialmente uma atividade que explora e violenta animais. Basta assistir a uma única competição para ver que a violência ali é algo praticamente óbvio, muito embora seja tornada uma violência “aceitável” pela sociedade regional, a qual hoje tem uma grande dependência socioeconômica da pecuária.
O ato de fazer animais de natureza pacata (bois) correrem, persegui-los e derrubá-los no chão como se fossem brinquedos já é em si uma forma de tratá-los como coisas e agredi-los. É fácil chegar a essa conclusão se imaginariamente colocarmos um ser humano no lugar do boi. Uma pessoa de cabelo longo que, depois de ter sido provavelmente incitada ao pânico no brete, corre desesperadamente dos seus algozes e passa a ser perseguida por dois vaqueiros a cavalo ou a pé. Sente um medo duplo: dos breteiros e dos vaqueiros. Até que é puxada pelo cabelo e, derrubada, rola no chão, sentindo a dor da queda e aquilo de que tinha medo concretizado – a violência.
E isso sem falar na exploração também dos cavalos. Por mais que sejam supostamente tratados como “irmãos” antes e depois da competição da vaquejada, no momento da gincana eles são tratados como nada mais do que automóveis, controlados por uma série de instrumentos – como “professora”, rédeas, cabresto etc. – e incitados à alta velocidade. É um agravante o fato de que às vezes são usados açoites e esporas para incitar o cavalo a continuar correndo. [3]
Tratar dessa forma animais como objetos acaba tendo, seja intencionalmente ou contra a vontade dos organizadores da atividade, implicações sérias, de machucar de verdade os animais. Um exemplo de como a violência explícita ante arena de fato faz parte dos procedimentos da vaquejada é o relato dos ativistas Gabriela Toledo e Carlos Rosolen, da ONG Projeto Esperança Animal, sobre uma vaquejada que aconteceu em Cotia/SP:
Chegamos perto do brete. Diversos animais misturados e com aparência assustada. Um vaqueiro começou a “tocá-los com um pedaço de pau” para a fila que daria acesso para a arena. O espaço apertado permitia apenas um boi por vez. Ali os animais eram avaliados. Quando tinham chifres, seus chifres eram serrados com serrote. Muitos chifres sangravam. O que chamou a atenção foi a agressividade com que os vaqueiros amarravam esses animais para poder serrar a ponta de seus chifres. Alguns se debatiam, caiam no chão. Outros tentavam pular a porteira que dava acesso à arena e quando isso ocorria os vaqueiros batiam com pedaços de pau em suas cabeças. Mais de 15 animais passaram por esse procedimento. Houve situações em que os animais tiveram suas patas presas entre as madeiras do corredor da arena e por pouco não tiveram suas patas quebradas.
Quando a porteira era aberta os animais saiam em disparada batendo suas patas, cabeça, peito na porteira, pois ela era muito estreita. Houve casos em que os vaqueiros fecham a porteira na cara dos animais ou no meio do corpo e sempre com muita agressividade.
Não havia fiscais nem veterinários presentes no local.
Investigando o evento descobrimos que muitos animais já morreram na arena ao bater a cabeça nas madeiras. Outros tiveram seus rabos arrancados durante a prova, pois os vaqueiros estavam utilizando uma luva não adequada. A prática de serrar os chifres é super comum. Muitas vezes usam os mesmos animais por mais de uma vez durante a prova. [4]
O artigo jurídico do advogado Thomas de Carvalho Silva [5] mostra com ainda mais propriedade como a vaquejada, mesmo aquela desprovida de ilegalidades, agride os animais. A princípio ele faz uma citação de um trecho de um parecer técnico da Dra. Irvênia Luiza Prada:
Ao perseguirem o bovino, os peões acabam por segurá-lo fortemente pela cauda (rabo), fazendo com que ele estanque e seja contido. A cauda dos animais é composta, em sua estrutura óssea, por uma seqüência de vértebras, chamadas coccígeas ou caudais, que se articulam umas com as outras. Nesse gesto brusco de tracionar violentamente o animal pelo rabo, é muito provável que disto resulte luxação das vértebras, ou seja, perda da condição anatômica de contato de uma com a outra. Com essa ocorrência, existe a ruptura de ligamentos e de vasos sangüíneos, portanto, estabelecendo-se lesões traumáticas. Não deve ser rara a desinserção (arrancamento) da cauda, de sua conexão com o tronco. Como a porção caudal da coluna vertebral representa continuação dos outros segmentos da coluna vertebral, particularmente na região sacral, afecções que ocorrem primeiramente nas vértebras caudais podem repercutir mais para frente, comprometendo inclusive a medula espinhal que se acha contida dentro do canal vertebral. Esses processos patológicos são muito dolorosos, dada a conexão da medula espinhal com as raízes dos nervos espinhais, por onde trafegam inclusive os estímulos nociceptivos (causadores de dor). Volto a repetir que além de dor física, os animais submetidos a esses procedimentos vivenciam sofrimento mental.
A estrutura dos eqüinos e bovinos é passível de lesões na ocorrência de quaisquer procedimentos violentos, bruscos e/ou agressivos, em coerência com a constituição de todos os corpos formados por matéria viva. Por outro lado, sendo o “cérebro”, o órgão de expressão da mente, a complexa configuração morfo-funcional que exibe em eqüinos e bovinos é indicativa da capacidade psíquica desses animais, de aliviar e interpretar as situações adversas a que são submetidos, disto resultando sofrimento.
O brete, que é uma área do parque de vaquejada relativamente misteriosa, que não costuma revelar voluntariamente o que faz para causar a carreira dos bois, é denunciado por Thomas Carvalho como um local de maltrato: “Para que o bovino, manso e vagaroso, adentre a arena em fuga, o animal é confinado em um pequeno cercado, onde é atormentado, encurralado, espancado com pedaços de madeira, e submetido a vigorosas e sucessivas trações de cauda.” [5]
Geuza Leitão, da UIPA, confirma que “não são divulgados para o publico os métodos cruéis utilizados para ocasionar a corrida dos bois” e denuncia “seu confinamento prévio por longo período, a utilização de açoites e ofendículos, a introdução de pimenta e mostarda via anal, choques elétricos e outras práticas caracterizadoras de maus-tratos”. O mero relato de Leitão sobre as vaquejadas para o jornal O Povo é insuficiente para caracterizar uma autêntica evidência ou prova das violências explícitas da vaquejada, mas, considerando a ausência de debate no Nordeste, perante a opinião pública, sequer sobre a fiscalização das vaquejadas, é dedutível que esses atos aconteçam muito mais frequentemente do que os simpatizantes da atividade imaginam.
A vaquejada, de fato, tanto faz jus ao atributo de “esporte” injustamente violento [7] que pelo menos duas vaquejadas já foram judicialmente censuradas nos últimos anos: a de Serra do Ramalho/BA, em junho de 2007 (mas liberada pouco depois) [8], e a de Xerém/RJ, em setembro de 2009 [9] (esta presumivelmente não mais liberada, uma vez que o seu site oficial não é mais atualizado desde 2009 [10]).
Essa violência, seja explícita e óbvia ou implícita e aceita, só acontece para valer por causa de uma importante premissa moral arrogada pelos organizadores de vaquejadas, vaqueiros e outras pessoas envolvidas na atividade: bois e cavalos, como sendo seres moralmente inferiores, são propriedade dos humanos, e assim sendo seus proprietários podem usá-los livremente sempre que lhes demandarem utilidade.
Considerando que a igualdade moral entre todos os seres humanos e o não ser tratado como propriedade de outrem são um direito humano fundamental e os animais não humanos são hoje desprovidos desse direito ainda que o mereçam, estes últimos estão de fato submetidos a uma arbitrária inferioridade moral, que permite que sejam usados como coisas utilitárias pelos humanos.
Caso não existisse essa desigualdade moral entre animais humanos e não humanos, os últimos também teriam o pleno direito de serem sujeitos e senhores de suas próprias vidas, vivendo estritamente de acordo com seus próprios interesses (de continuar vivo e evitar sua própria dor e sofrimento) e sendo proibida a sua escravização.
Mas não é o que acontece hoje. Graças à inferioridade moral imposta para os animais não humanos e à liberdade de propriedade privada, os vaqueiros, os donos (sic) de animais e os organizadores de vaquejadas são livres para usar sua “propriedade viva” como bem entenderem. [11] Como intencionam obter sustento do entretenimento de uso de animais, exploram então os seus cavalos e bois na atividade da vaquejada.
Mesmo que haja aqueles que dizem tratar seus cavalos como “irmãos”, “filhos” ou “amigos”, é notável que na verdade não há entre o vaqueiro e o cavalo uma autêntica relação de amizade ou de consideração análoga à familiar, mas apenas de afeto e gratidão por sua tão útil propriedade. Os vaqueiros geralmente adquirem (sic) os seus cavalos através de leilões, locação ou outras formas de comércio [12], e amigos e familiares não podem ser comprados ou alugados. E também é possível questionar se eles teriam a mesma “consideração” pelos animais se estes tivessem desempenho mau ou decadente nas competições.
Propriedade privada que são, tanto cavalos como bois são dados à luz com fins exclusivamente terceirizados, lucrativos e alheios aos seus interesses próprios de seres sencientes. No caso dos cavalos, são fecundados mediante seleção genética pelo uso do sêmen de machos “premiados”, herdando-lhes a força e agilidade. [13]
De uma atividade cujo alicerce indissociável é tratar animais como escravos, como propriedade humana, é esperado o uso de violência, por mais que haja leis exigindo respeito ao “bem estar animal”, assim como acontece na pecuária, na vivissecção, na compra e “posse” de animais domésticos e em qualquer outra atividade de exploração animal. Aliás, a própria escravidão animal é em si uma violência, um maltrato, visto que submete suas vítimas a atividades cuja participação eles não podem escolher entre aceitar e recusar, indo contra os interesses imediatos do próprio animal – usufruir da liberdade (que ele não tem) e satisfazer suas necessidades à sua maneira.
Considerações finais
Basta assistir a poucos vídeos sobre vaquejada que percebemos como essa atividade “esportiva” é uma ação de violência e escravidão contra animais não humanos que não escolheram tal fado, algo ausente nos verdadeiros esportes. Porém, uma forte camada cultural, regionalmente moldada a partir de uma dependência socioeconômica da exploração animal por via de uma pecuária explicitamente violenta [14], protege-a de ser encarada como aquilo que realmente é: uma agressão física explícita e injustificável contra bois e uma redução dos cavalos ao status de automóveis controláveis.
Porém, mesmo sendo uma atividade claramente pautada na exploração violenta de animais não humanos, é muito pouca – para dizer a verdade, residual – a mobilização de oposição de entidades de defesa animal contra a vaquejada no Nordeste. Isso deve-se em parte, provavelmente, à intimidadora força político-econômica da pecuária e da vaquejada na região – o que inclui o apadrinhamento de eventos do tipo por deputados [15] –, que impõe sérios riscos de represália a pessoas e organizações sem força política que se opuserem publicamente a esse tipo de evento.
O que resta, no momento, é fazer a militância nordestina de defesa animal crescer descentralizadamente e se robustecer a ponto de conquistar o apoio de políticos e juristas da região. É também fazer o “trabalho de formiguinha”, criando e ampliando pouco a pouco, à maneira de cada pessoa e entidade, o debate sobre a vaquejada e suas violências.
Para quem já é contra a vaquejada desde antes de ter lido este texto, fica aqui a convocação para que, de alguma maneira, ajude a expandir esse debate, para que os animais parem de sofrer diante dos espectadores e participantes desse tipo de competição. Para quem gosta, fica o convite para pensar sobre as implicações éticas e a violência dessa atividade para os animais – comece a enxergar o lado que a vaquejada e seus atores humanos não leva em consideração: o lado dos animais, o que eles sentem ao serem controlados, esporeados, açoitados, açulados, perseguidos e derrubados no chão. Para quem ainda não sabia realmente o que é e em que consiste a vaquejada, agora já sabe e tem ciência da necessidade de ela ser proibida.
Referências
[1] “Vaquejada” – Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vaquejada (acessado em 05/12/2011)
[2] “Um esporte emocionante” – Parque Ana Dantas:http://www.parqueanadantas.com.br/index2.php?mod=12 (acessado em 05/12/2011)
[3] O uso “moderado” de esporas e açoites é previsto pelas regras de pelo menos algumas vaquejadas, como por exemplo o Regulamento Geral de Vaquejada ABQM:http://www.abqm.com.br/IVaquejada/regulamento.pdf (acessado em 06/12/2011)
[4] “Relato de uma vaquejada” – PEA – Projeto Esperança Animal:http://www.pea.org.br/denuncia/vaquejada.htm (acessado em 06/12/2011)
[5] SILVA, Thomas de Carvalho. A prática da Vaquejada à luz da Constituição Federal de 1988: http://jusvi.com/artigos/38272/2 (acessado em 08/12/2011)
[6] “Vaquejada é crueldade contra animais?” – O Povo:http://www.opovo.com.br/www/opovo/opiniao/630544.html (acessado em 08/12/2011)
[7] Artes marciais, boxe, wrestling e outros esportes de luta podem ser considerados usuários de uma “violência não injusta”, uma vez que os lutadores escolhem estar ali e seguir tal carreira e assumem para si as consequências da violência trocada na arena.
[8] “Justiça determina suspensão de vaquejada em Serra do Ramalho” – Farol da Cidade:http://www.faroldacidade.com.br/?lk=4&id=6967 (acessado em 08/12/2011)
[9] “Vaquejadas são proibidas em Xerém” – SRZD:http://www.sidneyrezende.com/noticia/55221+vaquejadas+sao+proibidas+em+xerem(acessado em 08/12/2011)
[10] Os últimos eventos descritos no site oficial do Parque Ana Dantas (Xerém/RJ) são de 2009, conforme se pode notar em: http://www.parqueanadantas.com.br/index2.php?mod=53 e http://www.parqueanadantas.com.br/index2.php?mod=20 (acessados em 08/12/2011)
[11] Isso considerando-se que o Artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais é formalmente ignorado pelos atores envolvidos nas vaquejadas e até mesmo pelas leis federais que oficializam essa atividade como um “esporte” e o vaqueiro competidor como “atleta”.
[12] Um exemplo de como os cavalos de vaquejada são tratados como objetos dotados de utilidade e valor em dinheiro é esta página:http://www.cavalodevaquejada.com/2010/02/classificados-cavalo-de-vaquejada/(acessado em 08/12/2011)
[13] Um exemplo era o cavalo Signo Forte, falecido em fevereiro de 2010 e “recebedor” de prêmios em vida. Ele era descendente de dois cavalos competidores: Apollo (pai) e Dash For Cash (bisavô paterno e materno). Conformehttp://www.cavalodevaquejada.com/2010/02/morte-signo-forte/ (acessado em 08/12/2011)
[14] O maior exemplo da violência explícita da pecuária nordestina é o fato de a grande maioria dos matadouros de Pernambuco serem clandestinos e/ou abaterem animais com métodos obviamente cruéis como a marretada craniana. Conformehttp://consciencia.blog.br/2011/12/os-matadouros-imundos-de-pernambuco-e-um-convite-a-reflexao.html (acessado em 08/12/2011)
[15] Um exemplo: http://imagens.consciencia.blog.br/arquivos-anexos/cartaz-vaquejada-2008.jpg (acessado em 08/12/2011)
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